Foco na prevenção e promoção da saúde, além do papel do poder público na geração de empregos para profissionais do setor. Estas foram as posições defendidas pelo secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Wagner Ferreira, durante sua participação, na sexta-feira (8), no IX Seminário de Integração e Bioética, realizado pelo Instituto de Pós-graduação da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG).
A atividade visou discutir a relação do profissional médico junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) e os planos de saúde, e contou com diversas autoridades de saúde, como os representantes do Ministério da Saúde e de Belo Horizonte. Foram abordados temas como plano de carreira, formação acadêmica do profissional e possibilidades de trabalho após o encerramento do curso universitário, tabela do SUS, vínculo empregatício, medicamentos de alto custo, transplantes, entre outros assuntos presentes no sistema de saúde pública.
O secretário-adjunto defendeu que a graduação deve fomentar a formação de generalistas, que podem atuar no Programa de Saúde da Família (PSF), dentro da rede de atenção primária construída pelo Estado. Ainda reiterou que o Governo de Minas investe cerca de R$ 480 milhões, em recursos do Tesouro do Estado, por ano em Programas Estruturadores como o Saúde em Casa, o Viva Vida e o Pro-Hosp, convidando os alunos a integrarem o sistema público de saúde.
?A saúde certamente terá no setor público, numa perspectiva futura, o seu principal empregador. E precisamos de vários profissionais para atendermos à demanda da população e construirmos o SUS. Desafios como a remuneração do profissional e a tabela dos procedimentos do SUS devem ser equacionados e temos neste momento, tanto na esfera federal, quanto no Estado, assim como nos municípios pessoas comprometidas em encontrar a solução para estas questões?, avaliou.
Wagner Ferreira ainda destacou que a parceria junto ao Sistema Suplementar de Saúde não pode ser esquecida, já que este setor oferece serviços a cerca de 45 milhões de brasileiros. Opinião que foi endossada pelo presidente da Unimed-MG, Helton Freitas. De acordo com o dirigente da instituição, ?os sistemas não são necessariamente concorrentes, mas complementares?.
Ele apontou o crescimento da classe média como fator de aumento de pessoas que optam pelo sistema privado e que ao contrário do que se pensa em primeira análise, o setor também deve englobar ações de prevenção e promoção da saúde. ?Os impactos são muito grandes, portanto investir apenas em uma lógica curativa traz dificuldades, em termos sociais e econômicos, já que a incorporação de tecnologias é constante. A atenção primária em saúde também é de vital importância para diminuir estes impactos?.
Já a secretária-adjunta Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Suzana Rates, enfatizou que a estratégia de Saúde da Família é o eixo da política do setor no município. ?A literatura já constatou que 80% dos problemas de saúde podem ser resolvidos de forma preventiva, dentro da atenção primária. E como há uma transição do perfil epidemiológico na população, com predominância das doenças crônicas, é fundamental que possamos atuar dessa forma?, declarou.
Desafios
Entre os desafios apontados, principalmente pelos novos profissionais, foi destacada a questão do acesso à residência médica para a especialização. O primeiro secretário do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), João Batista Gomes Soares, apontou que dos mais de dois mil médicos formados pelas 28 faculdades de medicina existentes no Estado, estima-se que 50% não tenham acesso à residência. ?Este é apenas um dos desafios. De outro lado, temos a questão daqueles que não estão optando pela Urgência e Emergência. Só 7% têm se inclinado para esta área. São problemas relacionados à remuneração e condição de trabalho, que temos que enfrentar?.
O seminário, que faz parte das atividades curriculares do curso de pós-graduação da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, discutiu ainda temas como a humanização, dentro de uma perspectiva técnica e ética; o prontuário eletrônico; o papel da mídia na assistência à saúde e valorização profissional. Participaram do evento cerca de 200 alunos matriculados nos programas de residência médica e especialização hospitalar, nas diversas especialidades dos hospitais parceiros da FCMMC.

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