Quando um vaso se rompe ou o sangue para de circular em alguma região do cérebro, neurônios são destruídos, levando à perda da capacidade de mexer uma parte, um membro ou um lado inteiro do corpo. Por isso, a reabilitação após um Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode ser muito dolorida e difícil. Mas para essas pessoas – e também para pacientes com traumatismo craniano – a conquista da reabilitação dos movimentos pode estar na toxina botulínica.

A técnica que utiliza a toxina para anular a contração dos músculos já vem sendo usada em diversos países, inclusive no Brasil, mas foi comprovada recentemente em estudo publicado pela revista “The Lancet Neurology”. A pesquisa foi divulgada ontem pela neurologista e fisiatra Susan Hsin Fen Chien, durante um evento nacional sobre doenças cerebrovasculares, que está acontecendo em Belo Horizonte. No Brasil, uma em cada seis pessoas está sujeita a sofrer um AVC – doença que atinge cerca de 100 mil pessoas por ano e já configura a principal causa de morte e incapacidade no país.

No estudo internacional, 34 centros em nove países testaram o produto em 243 pacientes. Em uma parte deles foi injetado soro fisiológico (placebo), e a outra parte recebeu o tratamento com doses de 500 a 1.000 unidades da toxina em uma única aplicação.

“Ao final de quatro meses foi confirmada a eficácia e a segurança da toxina para reverter a espasticidade em adultos que ficaram com sequelas nos membros superiores, especialmente os músculos da região dos braços e mãos, como cotovelos e punhos”, explica Susan.

O efeito, porém, não é imediato, mas após a primeira semana já começa a aparecer. “A toxina enfraquece a musculatura que está com contração excessiva e age diminuindo a liberação de acetilcolina, um neurotransmissor responsável por essa contração”, diz ela. Segundo a médica, o tipo de toxina botulínica usada (Dysport), não é equivalente ao botox, e as doses utilizadas também são bem superiores àquelas injetadas para amenizar as linhas de expressão.

 

 
 

Redação do Jornal Nova Imprensa

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