A velha adutora que conduz a água captada no Rio Formiga para a Estação de Tratamento do SAAE, segundo alguns, construída há mais de 35 anos, por sua idade e pela falta de manutenção e de previsão dos dirigentes do SAAE, já deu o que tinha que dar.
Lembram-se quando alguns de seus dirigentes se vangloriavam de repassar o superávit da autarquia ao Executivo de então, sem se preocuparem com o futuro da cidade? Eles (salvo engano este que aí está, também já compartilhou desta prática), entre investirem o mínimo necessário na manutenção ou substituição de parte da rede adutora, optaram por outras práticas como a aquisição de veículos novos (aos montes) e/ou, como se viu em administrações anteriores, pelo investimento em asfaltamento de ruas e avenidas, como se estes fossem os objetivos principais do SAAE.
Pois bem, é graças a esta política equivocada, que estamos hoje frente a frente com um dos maiores problemas que uma administração pode enfrentar: a velha adutora parece que se exauriu e em alguns pontos, está mesmo, a um passo do rompimento.
Aquele misto de encanamentos improvisados, constituído de trechos onde se empregou tubulação de ferro fundido; em outros, manilhas de concreto armado; canos de PVC; e salpicado de caixas de passagem e de inspeção em que também foram erguidas com a utilização de diversos tipos de materiais, tudo isso espalhado em um trecho onde não há a menor segurança, sendo até permitido o acesso de quem delas queira se aproximar e que se convencionou chamar de rede de adução, está mesmo em pandarecos.
Pior ainda é o seu estado de conservação nos trechos em que o encanamento é aéreo (aquedutos) ? na sua grande maioria, hoje sem a menor sustentação, (em virtude da falta de manutenção). E foi o próprio SAAE quem notificou à municipalidade e à imprensa, no decorrer desta semana, avisando que parte deles poderá ruir de uma hora para outra, o que se ocorrer, deixará esta cidade sem água por longos períodos.
Estranho que só agora a direção do SAAE se deu conta disso, mas, de qualquer forma, isso se constitui no mínimo, numa ameaça séria que, se concretizada, colocará em risco o funcionamento desta cidade e a integridade de seus habitantes. Conviver com a falta temporária de água é uma coisa, outra é viver longo período sem o líquido! Portanto, repetimos: o problema não é novo e diante do aviso, precisa mesmo ser encarado como prioridade.
Esta hipótese, – rompimento da rede com falta total do abastecimento – dependendo da intensidade das próximas chuvas deve ser considerada pela atual administração, como algo provável, passível de ocorrer. Não por causa de um ou outro vazamento que hoje se apresenta ao longo do trecho da adutora, até porque, alguns destes, como aquele denunciado por este jornal, em capa da nossa edição de número 055, de 13 de março de 1998, até hoje está lá, firme e forte, no esplendor de seus dez aninhos de vida, imaginem! É mais uma prova viva de que o dinheiro público, não é de agora, ao que parece, tem recebido naquela autarquia, um tratamento, digamos, no mínimo, um pouco diferenciado ou distante, do recomendável.
Mas isso são outros quinhentos! O que interessa agora é o alerta da autarquia, apontando para a probabilidade (?) da instalação do caos.
Repetimos: o importante é não nos esquecermos que uma coisa é lidar com a falta d?água em determinados bairros, por 3, 5 ou 7dias consecutivos, como tem ocorrido. Outra, bem diferente e de gravidade incomparável, é uma cidade inteira, se achar de uma hora para outra, sem a menor condição de receber a água bruta para ser tratada e distribuída a seus moradores.
A construção de uma nova adutora, a nosso ver, deve ser a prioridade das prioridades, deste resto de governo e do que vem por aí.
Construir caixa d?água para atender a determinados bairros, sem antes se garantir que o precioso líquido possa chegar até ela, possa ela armazenar ?trocentos? litros com segurança, não nos parece uma decisão, de todo, sensata, principalmente quando a alegação é sempre a mesma. Faltam recursos! Se eles, os caraminguás públicos, estão mesmo escassos, que sejam, no mínimo, bem aplicados.
Se não dá para construir uma adutora nova, que ao menos os pontos críticos sejam substituídos. Afinal, pra que caixa se não há água disponível? Ou será que se pode produzir gelo, sem antes encher a forma de água?

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