Tema de discussão na Câmara dos Deputados e nas ruas, a Previdência somou um rombo total de R$ 290,3 bilhões apenas em 2018, segundo dados oficiais. Os brasileiros não estão indiferentes ao problema: 78% estão acompanhando, em alguma medida, as discussões a respeito das novas regras para aposentadoria, sendo que 31% estão totalmente por dentro do assunto e 47% acompanham apenas em parte.

De acordo com pesquisa inédita feita nas 27 capitais pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), sete em cada dez entrevistados (72%) acreditam ser necessário reformar o sistema de previdência social do país.

“Ainda que haja controvérsias a respeito dos possíveis efeitos da reforma da Previdência em diferentes estratos da sociedade, é fato que o regime de aposentadoria custeado pela União e pelos Estados caminha para a completa falência nos próximos anos, se nada for feito. Ao criar espaço para diminuir os gastos com a Previdência, espera-se que seja interrompida a trajetória explosiva da dívida pública atual e que, com mais segurança e equilíbrio no cenário macroeconômico, os investidores recuperem a confiança necessária para retomar os investimentos”, defende presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), José César da Costa.

44% acreditam que a reforma será totalmente aprovada ainda este ano

Embora a reforma da Previdência seja vista como necessária pela maioria dos entrevistados, seu conteúdo gera controvérsias: mais de um quarto (26%) concorda com a maneira em que as mudanças foram propostas no Congresso – em grande parte, homens e oriundos das classes A/B.

Por outro lado, as mulheres são maioria entre os 46% que acreditam na necessidade de uma reforma, mas não concordam com a forma como tem sido apresentada. Apenas 18% não veem necessidade de reforma, enquanto outros 10% não souberam opinar. Dentre os entrevistados, 44% acreditam que a reforma da Previdência será totalmente aprovada ainda este ano, enquanto 28% acham que o texto não será aprovado tão cedo e 27% não souberam dizer.

O principal motivo apontado pelos apoiadores das mudanças no regime de aposentadoria é eliminar as disparidades entre funcionários públicos e privados (50%), tornando o sistema mais justo e igualitário.

Quatro em cada dez (39%) acreditam que o envelhecimento da população brasileira coloca em risco a garantia do benefício para gerações futuras, 33% apostam na possibilidade de reequilibrar as contas públicas e aumentar a confiança dos investidores no país e 25% acreditam que a reforma ajudará o governo a arrecadar mais dinheiro para investir em áreas de melhorias para a população, como saúde e educação. Outros 25% acham que as mudanças evitarão o pagamento de novos impostos criados para manter a Previdência.

O fim da desigualdade é a tônica entre os brasileiros que defendem a necessidade da reforma, ainda que haja alterações na proposta: quase metade (49%) defende o aumento da contribuição ao INSS para pessoas que recebem salários maiores. Trata-se do item na proposta atual em tramitação no Congresso que os entrevistados consideram mais importante.

Já 40% consideram correta a equiparação entre trabalhadores dos setores público e privado, 32% defendem o fim do acúmulo de benefícios e 28% concordam com a idade mínima proposta pelo governo, de 65 para homens e 62 para mulheres. No entanto, em média, os entrevistados consideram que o brasileiro deveria se aposentar aos 59 anos.

Principais pontos de rejeição à atual proposta

Embora a maioria dos brasileiros entrevistados já reconheça a necessidade de uma reforma na Previdência, 81% identificam algum aspecto negativo na proposta do governo. Um dos pontos que mais geram rejeição é o aumento no tempo de trabalho (40%), especialmente entre as mulheres (46%). Outros aspectos apontados foram a mudança de regras para quem já estava para se aposentar nos próximos anos (30%), as chances de o dinheiro arrecadado ser alvo de corrupção (30%) e a possibilidade de desvinculação dos benefícios com o salário mínimo, o que aumentaria o número de idosos ganhando menos (27%).

Independentemente do resultado final, as discussões sobre as mudanças na Previdência fizeram com que 52% dos brasileiros mudassem a forma de agir e pensar sobre o assunto. Três em cada dez entrevistados reforçaram a importância dada ao planejamento da aposentadoria (29%), 21% passaram a guardar dinheiro com o objetivo de se aposentar e 13% estão pensando em antecipar a aposentadoria para não ser prejudicado pelas novas regras. Por outro lado, 31% continuam pensando igual, principalmente por ainda não terem refletido a respeito (13%) e por não acharem que a reforma vai, de fato, acontecer (8%).

Necessidade de uma reforma tributária

Outra mudança em pauta no país, a reforma tributária também ganhou destaque no levantamento. Entre os entrevistados, a maioria (77%) acredita ser necessária uma revisão das taxações. As motivações incluem tornar o pagamento de impostos mais justo (30%), reduzir a desigualdade social (28%) e gerar mais empregos (26%). Apenas 5% dos entrevistados acreditam não haver necessidade de uma reforma nas tributações.

“Assim como vem ocorrendo com a reforma da Previdência, as possíveis alterações na legislação tributária ainda serão tema de longos debates no Congresso. Mas algo precisa ser feito a fim de tornar a arrecadação de impostos mais justa e, principalmente, eficiente no Brasil, reduzindo a burocratização e favorecendo tanto a União quanto o empresariado e o cidadão comum”, defende Roque Pellizzaro Junior, presidente do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

Ainda que haja alterações na proposta, as mudanças consideradas mais necessárias são a ampliação da isenção do imposto de renda para quem ganha menos (44%), a simplificação do sistema tributário e o impedimento da múltipla taxação de bens e serviços (41%) e a retirada da tributação do INSS paga sobre a folha de pagamento para todos os setores das empresas, sendo mantido apenas o imposto de renda (22%). Quanto à possibilidade de aprovação da reforma, os entrevistados estão divididos: 33% acreditam que a medida será aprovada ainda este ano, enquanto 34% afirmam o contrário e 33% não sabem dizer.

 

Fonte: CNDL/SPC Brasil ||

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