Diferente do que foi informado em duas ocasiões pelo então provedor da Santa Casa de Formiga, Geraldo Couto (coletiva de imprensa e uso da Tribuna na Câmara), a situação da entidade, segundo informações obtidas junto a componentes da comissão interventora, está longe de poder ser entendida como ?controlada?, conforme anunciado pelo então provedor. Ao contrário do ponto de vista econômico-financeiro e também pelo lado administrativo seria mais lógico afirmar que ela, hoje, como ontem, ?beira o caos?.
Há necessidade urgente de que o hospital receba uma substancial injeção de recursos, sem o que, a cada dia fica mais incontrolável a situação. Isso é o que tem mostrado os levantamentos preliminares realizados após a intervenção da Justiça no dia 19 de dezembro, quando os antigos membros da mesa administrativa e o então provedor, foram destituídos de seus respectivos cargos.
Na época em que se pronunciou sobre a gestão da entidade, Geraldo garantiu que apesar das dificuldades e atrasos nos repasses dos governos municipal, estadual e federal, as finanças da Santa Casa, estavam sendo bem administradas e chegou a afirmar que lá existia um superávit de R$2 milhões (incluindo valores a receber).
Segundo apurou o jornal, hoje o pagamento de funcionários está em dia, mas isto só ocorreu em virtude de ele estar sendo feito nos últimos meses, por meio de empréstimos bancários, o que aumenta a dívida da Santa Casa que quintuplicou nos últimos três anos. Os valores exatos, de hoje, não foram divulgados, mas podem ultrapassar os R$15 milhões. Há 3 anos este valor andava na casa dos R$3 milhões, em 2013 saltou para pouco mais de R$7 milhões e agora, ultrapassa os R$15 milhões. Houve também muito investimento na parte física do hospital. Várias obras foram executadas e muitas delas ainda hoje, se encontram em fase ?terminal?.
UTI Neonatal
Colocada em funcionamento em fevereiro deste ano, cita-se como exemplo a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal da cidade que já havia ficado durante meses com os serviços paralisados por falta de credenciamento junto à Secretaria de Estado de Saúde, o que só ocorreu em julho e agora poderá fechar suas portas, em razão da falta de pagamento da equipe médica, que não recebe o que lhe é devido, desde o mês de outubro.
Além disso, faltam materiais e a equipe médica está incompleta, impossibilitando a ocupação de 50% dos leitos, o que a torna inviável economicamente.
Os profissionais, preocupados com a situação, já estabeleceram um prazo até o fim do mês de janeiro para que tudo esteja normalizado, ou terão que encerrar as atividades da UTI e promoverem a dispensa de toda a equipe.
Profissionais especializados no atendimento de neonatos trabalham em regime de plantão e não costumam atender em consultórios particulares, por isso a necessidade da manutenção dos seus salários em dia, para a cobertura de suas necessidades básicas.
Equipes de outros setores do hospital também estão há meses sem receber pelos atendimentos e procedimentos. Isto, é claro, gera uma insatisfação e é causa de grande preocupação dentre os profissionais que ali prestavam serviços.
Outro fator preocupante está na necessidade de se investir urgentemente na compra de material básico relacionado à área de hotelaria ? roupas de cama, aventais, pantufas e outros materiais que faltam nos quartos, nas enfermarias e na própria sala de cirurgia. Também o atraso no pagamento de fornecedores de medicamentos e de outros insumos básicos para o funcionamento do hospital é algo muito grave. Hoje, existem empresas (fornecedores) que se recusam até mesmo de fornecerem cotações de preços ou de participarem de pregões para a venda de seus produtos, em razão do alto risco financeiro por eles constatado com os supervenientes atrasos na quitação de obrigações assumidas anteriormente.
Some-se a tudo isto o total desinteresse ? pelas razões já expostas ? de profissionais médicos, técnicos, enfermeiros e outros que, conhecedores da atual situação econômico-financeira do hospital e em razão da falta de estrutura que isto acarreta, não mais se dispõem a prestar atendimento no hospital, procurando assim evitar mais desgastes ou de assumirem riscos diante de sua clientela.
É evidente que se o Estado, o município e a União não encontrarem rapidamente formas de socorrerem economicamente a Santa Casa, mais rápido do que se anuncia, aquele hospital de vital importância para esta cidade e região, estará fadado ao seu fechamento, por completo.
Por mais capaz que seja a equipe interventora, não há formas de resolver os graves problemas ali acumulados ao longo dos últimos anos, apenas com medidas administrativas, ainda que necessárias e entendidas como saneadoras. Sem o aporte de recursos, imediatos, elas precisariam ser também milagrosas.
Certamente o Ministério Público e o Poder Judiciário, tão logo tenham acesso aos primeiros levantamentos já concluídos e que se traduzirão em circunstanciado relatório, verificarão esta verdade.
Só com muita transparência e com a verdade, por mais dura seja ela, trazida a público, quem sabe, o município, o Estado e o Governo Federal, agindo rápida e coerentemente, possam somar seus esforços aos da população que, ao saber da verdade dos fatos e em percebendo o que está por vir ? caso o hospital venha a encerrar suas atividades ? todos juntos, encontrem, como já ocorreu no passado, uma forma de, se não resolutiva para sempre, outra que, quem sabe adie por bom tempo o fantasma de termos uma cidade (região) sem a mínima condição de ofertar o atendimento hospitalar aos seus habitantes.
Se está ruim, e está mesmo péssimo o atendimento hoje, sem a Santa Casa, certamente, tudo isto estará infinitas vezes pior!

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