Vendido em pequenos volumes, fácil de ser transportado – inclusive pelos Correios – e com alto valor em baladas, o ecstasy volta a desafiar autoridades policiais. Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) mostram que, entre janeiro e maio deste ano, as ocorrências com apreensão de ecstasy aumentaram 59%, de 77 para 123 em Minas. Em Belo Horizonte, os registros mais que dobraram: saltaram de 24 para 51, alta de 112,5%. Nessa terça-feira (19), um promoter que atuava em casas noturnas da capital foi preso pela Polícia Civil em Sabará (Grande BH) acusado de vender a droga na noite. A Polícia Civil afirmou ter apreendido 3,8 mil comprimidos, avaliados entre R$140 e R$ 200 mil.

Casos como esse, além de apreensões feitas no Aeroporto de Confins e no interior do estado, acenderam o alerta entre investigadores das polícias civil e federal. Na terça-feira, quatro pessoas foram detidas em São João del-Rei, no Campo das Vertentes, acusadas de comercializar ecstasy e outras substâncias em casas noturnas, festas de repúblicas universitárias e exposições agropecuárias.

Nessa quarta-feira (19) 12 pessoas foram presas em Piumhi com comprimidos de ecstasy e LSD dentre outras drogas. As prisões ocorreram em uma operação conjunta realizada pelas polícias Militar e Civil.

Em fevereiro, mais de 3 mil pílulas de ecstasy foram encontradas com um jovem de 22 anos em Juiz de Fora (Zona da Mata). Há dois meses, a Polícia Federal e a Receita Federal fizeram a maior apreensão do ano em Confins: nove quilos de metilenodioximetanfetamina (MDMA), princípio ativo do ecstasy foram encontrados em duas malas com fundo falso, com um homem, de 40 anos, que desembarcou de um voo procedente de Portugal.

“Com a quantidade apreendida, seria possível produzir mais de 100 mil comprimidos da droga, o que equivale a milhões de reais”, afirma o chefe da Polícia Federal em Confins, delegado Flávio Braga. Em março, outros 60 mil comprimidos de ecstasy foram apreendidos no aeroporto. A droga foi encontrada com uma passageira, de 29 anos, uma paulista que viajava da Holanda para o Brasil, passando pela Bélgica e Portugal. “O tráfico de drogas sintéticas tem aumentado no Brasil inteiro e em Minas e isso tem aparecido mais nas apreensões. Este é um tipo droga difícil de ser identificada porque, diferentemente de outros entorpecentes, como cocaína, pode ser transportada em pequenas quantidades e ocultadas nas bagagens ou em malotes de correio”, afirma.

O delegado lembra que, em geral, organizações criminosas trazem as substâncias da Europa e recrutam traficantes de classe média alta. “Esse não é um tipo de droga encontrada em ‘bocas’. É vendida em festas e baladas”. Braga afirmou que, desde o fim do ano passado, o trabalho de fiscalização foi intensificado em Confins para combater a entrada das sintéticas no estado. “Temos uma equipe só para repressão a drogas, com policiais especializados, cães e o serviço de inteligência atuando em conjunto, e temos aumentado a atenção, principalmente, nos voos que vêm da Europa.” Ele lembrou ainda que as ações são feitas em conjunto com aeroportos do interior e também de outros estados, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo.

(Foto: Arte EM)

Correios

Os 3,8 mil comprimidos de ecstasy apreendidos em Belo Horizonte, na terça-feira foram encontrados em caixas do serviço Sedex, dos Correios, que tinham remetente de São Paulo, mas que a polícia desconfia ser um endereço falso.

O acusado preso, um jovem de 24 anos, é suspeito de agir há um ano.  A maior parte da droga foi escondida por ele na casa da namorada, que mora no bairro Buritis, Região Oeste de BH. Segundo a polícia, a moça estuda em Belo Horizonte, mas não mora na capital e não sabia do envolvimento do rapaz com o tráfico nem da presença da droga na casa dela.

Segundo o delegado Rodolfo Rabelo, responsável pelas investigações, o preso é de Sabará e de família com boas condições financeiras. “Ele era promoter, produzia festas em algumas boates da capital, e se valia da função que exercia para promover a venda de drogas”, disse. Rabelo considera que a apreensão é uma das maiores de drogas sintéticas entre as delegacias da capital. Durante o cumprimento dos mandados judiciais – um na casa dele e outro no apartamento da namorada – os policiais ainda encontraram R$3 mil em dinheiro, uma balança de precisão, embalagens plásticas para as drogas, um simulacro de arma de fogo e uma faca peixeira, de acordo com a corporação. Segundo a polícia, cada comprimido de ecstasy era vendido por R$30 ou R$50.

Chefe do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico, o delegado Wagner Pinto reconhece preocupação pelo aumento das apreensões e sustenta que a corporação “tem intensificado o trabalho de investigação e inteligência para chegar aos traficantes”.

 

Fonte: Estado de Minas ||

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