Começa amanhã, dia 05/03, o julgamento onde o Supremo Tribunal Federal deve decidir o futuro das pesquisas com células-tronco embrionárias no Brasil.
A ação em julgamento quer proibir a pesquisa com embriões produzidos para fertilização artificial. E foi proposta pelo ex-procurador geral da República, Claudio Fontelles. Para ele, a pesquisa fere o direito dos embriões à vida.
Há um artigo na constituição que diz que para constituirmos a dignidade é o princípio da inviolabilidade da vida que não pode ser eliminada, diz Fontelles.
Do outro lado cientistas explicam que pela lei de biossegurança só poderão ser usados embriões inviáveis ou congelados há mais de três anos e que forem doados pelo casal.
Neste caso estamos falando de embriões inviáveis. São embriões que mesmo transplantados para o útero de uma mulher eles não gerarão uma nova vida, diz a cientista Debora Diniz.
75% da população brasileira é a favor
A maioria da população brasileira é a favor das pesquisas com células-tronco embrionárias para descobrir tratamentos para doenças graves, de acordo com o levantamento feito pelo Ibope, com amostragem nacional, entre os dias 24 e 29 de janeiro. O total de pessoas que concorda com a liberação é de 75%. Já 20% afirmam concordar parcialmente. A pesquisa foi encomendada pela organização não-governamental (ONG) Católicas pelo Direito de Decidir.
Os números pouco se alteram quando o recorte é feito por religião do entrevistado. Entre os católicos, a percentagem de favoráveis é exatamente a mesma, mostrando uma divergência com a cúpula da Igreja Católica, que se pronuncia contra as pesquisas na área. Outras sondagens já mostraram que os fiéis adotam comportamentos diferentes dos pregados pela Igreja em temas que envolvem planejamento familiar e sexualidade. Entre evangélicos, cai para 71% o apoio total aos cientistas e fica em 20% o apoio parcial.
O apoio aumenta entre os homens e conforme cresce o nível de escolaridade dos entrevistados. Entre pessoas com curso superior completo, a concordância total chega a 83%. É também maior na região Sudeste (83%) e menor no Norte e Centro-Oeste (67%). O Ibope entrevistou 1.863 homens e mulheres com idades entre 16 e 70 anos de todos os Estados e níveis de escolaridade – que variavam do ensino fundamental incompleto ao superior completo.
A pesquisa apontou que os brasileiros têm um pensamento contemporâneo e apóiam as pesquisas com células-tronco embrionárias como forma de desenvolver novas oportunidades no campo da medicina. Isso indica que estamos preparados para analisar por outros aspectos as atitudes que são, realmente, em favor da vida, explica a coordenadora da ONG, a socióloga Dulce Xavier.
Posição da Igreja
A Igreja Católica já se pronunciou diversas vezes e emitiu uma série de notas oficiais reforçando a posição contrária à liberação e uso das células-tronco embrionárias, por considerá-las um ser vivo, que não pode ser manipulado em pesquisas. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou uma carta aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a proibição.

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