O mercado de trabalho no país deu sinais de melhora no segundo trimestre deste ano, porém puxado pelo aumento do subemprego. A taxa de subocupação cresceu 11,5% na passagem do primeiro para o segundo trimestre, subindo de 5,2 milhões para 5,8 milhões de trabalhadores, segundo os dados da pesquisa ampliada da Pnad Contínua, divulgada nessa quinta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entram nessa categoria as vagas com jornada inferior a 40 horas semanais, atingindo pessoas que trabalham menos do que gostariam, por exemplo.

Esse é o caso de Gracielle Cristina Ribeiro de Pádua, 36, que trabalha como cabeleireira e manicure desde 2011. Porém, como esses serviços estão entre aqueles que muita gente cortou para aparar as arestas do orçamento, seus rendimentos caíram e ela resolveu procurar um emprego formal. Até agora não conseguiu. E, enquanto espera uma oportunidade com carteira assinada, vai se virando como autônoma mesmo.

“Há dois anos, chegava a trabalhar o sábado inteiro, até às 20h. Hoje, tem dia que às 12h já acabei e não tenho mais ninguém para atender. O lado ruim é que a renda é muito instável, por isso estou procurando um emprego”, conta.

Gracielle está preocupada com os rumos do país. “Outro dia, fui ao centro de Belo Horizonte e fiquei chocada com o tanto de camelôs que tem lá. A prefeitura tenta tirar, mas eles estão por todo lado. É reflexo da situação econômica brasileira. A renda vai caindo e os preços vão subindo. Não sei onde vamos parar assim”, lamenta. “Em um primeiro momento, a saída da crise se dá pela criação de vagas informais. Essas tem uma qualidade menor no emprego, e a subocupação é uma delas”, explica o coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.

Na fila. Cerca de 38,5% dos desempregados no segundo trimestre estavam procurando trabalho havia mais de um ano, segundo a Pnad Contínua. Isso quer dizer que, dos 13,5 milhões de desempregados no país, 5,2 milhões de pessoas estavam na fila da desocupação por esse longo período. Quanto mais a crise econômica se prolonga, mais tempo o trabalhador fica na fila, destacou Azeredo.

No primeiro trimestre deste ano, esse contingente somava cerca de 5,3 milhões de pessoas dos 13,4 milhões de desempregados no país, o equivalente a 39,6% da população desocupada naquele período.

No segundo trimestre do ano passado esse percentual era de 38,6%, o que corresponde a mais de 4,4 milhões de pessoas procuravam emprego há mais de um ano sem sucesso. (Com Queila Ariadne)

Outros indicadores do IBGE

Domésticos. Entre os trabalhadores domésticos, 30,6% deles tinham carteira de trabalho assinada no período de abril a junho. No mesmo trimestre de 2016, essa proporção era 33,2%.

Iniciativa privada. No segundo trimestre de 2017, 75,8% dos empregados do setor privado tinham carteira assinada. As regiões Nordeste (60,8%) e Norte (59%) apresentaram as menores taxas.

Renda. Tanto o rendimento médio real (R$ 2.104) de todos os trabalhos quanto a massa de rendimento médio real (R$ 185,1 bilhões) ficaram estáveis.

Ensino. A taxa de desocupação entre as pessoas com ensino médio incompleto (21,8%) foi superior à dos demais níveis de instrução. Para o grupo de pessoas com nível superior incompleto, a taxa foi estimada em 14%.

 

Fonte: O Tempo ||http://www.otempo.com.br/capa/economia/subemprego-dispara-e-ajuda-conter-corte-de-vagas-no-pa%C3%ADs-1.1510146

COMPATILHAR: