Desvalorizada muitas vezes pelas equipes brasileiras, que poupam seus titulares e utilizam times mistos, a Copa Sul-Americana tem uma importância especial para o Atlético. A conquista da vaga para a disputa desta competição em 2008 representaria não só ganho financeiro, mas também a volta ao circuito internacional no ano do centenário do clube, após quatro anos de ausência.
Para alcançar esse objetivo, restam ainda três confrontos ao Galo pelo Campeonato Brasileiro. Apesar da luta contra o rebaixamento, os comandados de Emerson Leão têm chances reais de se credenciarem, já que ocupam a 14ª colocação a apenas um ponto do Vasco, que hoje seria o último classificado, beneficiando-se do fato de o Fluminense ter vaga garantida na Libertadores.
Caso se concretize, a chance viria em boa hora. A memória mais recente dos atleticanos de uma competição internacional vem de 2004, quando o time saiu de forma precoce da própria Sul-Americana, ainda na fase preliminar diante do Goiás. No ano anterior a história foi a mesma. Num triangular envolvendo Fluminense e Corinthians, a equipe não passou da primeira fase e sequer pisou em território estrangeiro.
A última vez que a delegação do Galo teve o gosto de duelar contra gringos por um torneio oficial foi em 2000. O ano representou a última experiência atleticana na desejada Copa Libertadores e na Mercosul, quando avançou às fases eliminatórias. O último título, conquistado na extinta Conmebol, está ainda mais distante, comemorado dez anos atrás, sob o comando de Leão.
A Sul-Americana seria fundamental para o Atlético amenizar os problemas financeiros do clube, mas acima de tudo é uma questão de honra. Nem mesmo em suas épocas áureas nos anos 70 e 80, o alvinegro conseguiu se firmar como uma potência internacional e só teve conquistas de menor expressão como o torneio de Amsterdã, em 1984, e o título de campeão do Gelo, em 1950, imortalizado no hino do clube embora não seja oficial.
Enquanto isso, os torcedores assistiram ao rival Cruzeiro colecionar títulos internacionais, principalmente na década de 90. Em sua história, o time celeste alcançou feitos como duas Libertadores, em 1976 e 1997, duas Supercopas, em 1991 e 1992, e uma Recopa, em 1998, além de disputar duas vezes o Mundial Interclubes, embora sem conquistá-lo.
A importância de voltar ao circuito internacional, no entanto, não se restringe à rivalidade regional. A experiência seria inédita para a maior parte dos jogadores do atual elenco atleticano. Dos 31 atletas que hoje compõem o elenco, 20 nunca pisaram em gramados estrangeiros por um clube profissional. Sete deles passaram por equipes do exterior e apenas oito tiveram a chance por times do Brasil, os laterais Coelho e Ricardinho, o zagueiro Vinícius, o volante Xaves e os meias Gerson, Lúcio, Marquinhos e Marcinho, mas nenhum pelo Atlético.
O atacante Éder Luís, de 22 anos, não esconde a expectativa por sua primeira vez em uma competição internacional. Quero ter essa nova experiência na minha vida, seria muito importante, principalmente para a carreira dos mais jovens. Espero ter essa felicidade no ano do centenário. É um campeonato diferente, os jogadores chegam mais junto, disse.
O zagueiro Leandro Almeida, outro estreante de 20 anos, garante que a competição será levada a sério. Tem sempre duas competições ao mesmo tempo, mas se nos classificarmos vamos entrar com tudo para buscar o título e dar um presente para a torcida no centenário do Atlético. Pela base já viajei muito para fora, mas pelo profissional é diferente, acho que será uma experiência bacana, disse.
Apesar da empolgação dos mais jovens, o técnico Emerson Leão alerta que é preciso conquistar a vaga para depois sonhar. Matematicamente, ainda são necessários sete pontos. Enquanto não conseguirmos o direito de disputar não podemos pensar lá em cima. Em cima é conseqüência do que se faz embaixo. Não se pode fazer vestibular sem estar inscrito, afirmou.

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