Paulo Coelho

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA), como o nome sugere, em princípio deveria atender apenas situações emergenciais. Porém, em virtude da pouca disponibilidade de vagas para internação e procedimentos de maior complexidade, que são reguladas pelo SUS-Fácil, a unidade está mantendo internados por longo período, alguns pacientes com quadros mais graves, enquanto os doentes ficam à espera da liberação de vagas na Santa Casa de Caridade de Formiga ou em outros hospitais da microrregião.

Justamente por se tratar de uma unidade de saúde que atende a urgências e emergências, a UPA não possui estrutura em condições de fornecer aos acompanhantes as refeições, ou mesmo camas para um acolhimento digno (hotelaria). Exceto nos casos de acompanhantes de menores de idade ou de idosos acima de 60 anos, de acordo com o previsto no Estatuto do Idoso, e da Criança e do Adolescente.

Com esta prática de acolhimento obrigatório, a UPA, muitas vezes, sequer possui no estoque, em razão da padronização, os medicamentos necessários para se manter estáveis os pacientes. Por esse motivo, não são poucas as vezes que, constatada a falta da medicação, a compra da mesma é solicitada para os acompanhantes. Porém, dependendo da condição econômica das famílias, tal pedido nem sempre pode de ser atendido.

Para se ter ideia do que ocorre, a sala da pediatria (destinada ao acolhimento de crianças) está com todos os leitos ocupados por senhoras da terceira idade que aguardam transferência para hospitais.

Ao ser indagado sobre a possibilidade do aumento da demanda em razão da dengue, como ocorreu em Arcos, a resposta do médico presente foi indicativa de “desespero”.

Some-se a isto, o fato de que pela anormalidade no atendimento dos PSFs – pela falta de médicos e de outros fatores – muitos pacientes que poderiam ser atendidos nas unidades de saúde dos bairros, especialmente os que se queixam de casos mais simples, acabam se valendo da Unidade de Pronto Atendimento, superlotando o local.

Na quinta-feira (10), em visita a UPA, exatamente para averiguar as condições do atendimento, o vereador Sidney Ferreira e o editor chefe do Nova Imprensa/Últimas Notícias, Paulo Coelho, constataram esta dura e inaceitável realidade. Em busca de solução e de melhor entender as razões das reclamações recebidas, ouviram o coordenador da UPA, Weyndersohn da Silva Fonseca (Preto), o médico Vladimir Moreira, que estava de plantão e a administradora da Santa Casa, Myrian Araújo Coelho, que em companhia da funcionária Jaqueline, apresentaram dados e números, esclarecendo que a Santa Casa que dispõe de 97 leitos, por lei deveria ceder ao SUS cerca de 58 vagas, mas, que atualmente, a realidade é outra: “estamos hoje, com uma ocupação superior a 70%”, disse Myrian.

A administradora da Santa Casa informou também que pretende, ainda no decorrer de 2019, inaugurar uma nova enfermaria para atendimento de convênios e particulares com mais 10 leitos o que, em última análise, representa novas vagas a serem disponibilizadas para o atendimento por meio do sistema SUS.

O coordenador da UPA, Weyndersohn da Silva Fonseca (Preto) – Foto: Paulo Coelho

 

 

Sidney Ferreira, Myrian Araújo Coelho, administradora da Santa Casa e a funcionária do hospital Jaqueline (Foto: Paulo Coelho)

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