A reunião entre Vittorio Medioli e Fábio Melo, agente do goleiro Rafael e do zagueiro Fabrício Bruno, que terminou como caso de polícia, com o dirigente acusando o ex-jogador de se apropriar de documentos, foi tensa por causa das informações que o Núcleo Diretivo Transitório do Cruzeiro recebeu do Ministério Público e da Polícia Civil, que investigam a última gestão cruzeirense.

A investigação corre em segredo de justiça, mas os novos comandantes da Raposa, em contato com promotores e delegados, já sabem que os dois órgãos têm a certeza de que empresários do futebol foram usados num esquema de desvio de dinheiro.

Não há indícios da participação de Fábio Melo no esquema, pois os principais suspeitos já foram inclusive ouvidos tanto pela Polícia Civil como pelo Ministério Público. Mas ele acabou pagando o pato. A reportagem tentou contato com o agente de Fabrício Bruno e Rafael, mas ele não atendeu a ligação.

Isso porque a relação dos novos cartolas celestes com os agentes de jogadores será complicada. Muitos questionamentos serão feitos em todas as reuniões, pois há a certeza de pagamento de comissões indevidas ou superfaturadas não só na contratação de atletas, mas até mesmo na renovação de contratos, inclusive de alguns jogadores com muitos anos de clube.

A confirmação do esquema, que pode ser comparado à rachadinha usada na política, está próxima com o cruzamento de dados de antigos dirigentes da Raposa com empresários do futebol.

Um desses agentes, no seu depoimento à Polícia Civil, inclusive, se propôs a devolver valores de pagamentos feitos a ele e que são considerados indevidos e suspeitos, pois não há motivo para ele ter participado da negociação.

Coaf

O que atrasou demais a apuração desses casos foi a decisão do Ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu em julho o repasse de dados do antigo Conselho de Controle de Atividade Financeira (Coaf) ao Ministério Público ou às Polícias Federal e Civil sem autorização judicial.

Essa decisão caiu no mês passado e agora a tendência é que a investigação sobre o Cruzeiro seja mais rápida.

Essa rapidez tem relação também com o fato de que os integrantes do  Núcleo Diretivo Transitório definiram como uma das metas passar o clube a limpo. Com isso, estão colaborando diretamente com a Polícia Civil e o Ministério Público, que têm todos os pedidos atendidos e contam até mesmo com o auxílio dos novos dirigentes cruzeirenses.

A expectativa dos novos gestores da Raposa é que a comprovação, pelos órgãos competentes, de irregularidades na contratação ou na renovação de contratos de atletas possam ser usados pelo clube até mesmo em ações na Justiça do Trabalho.

Diante desse quadro, a regra no Núcleo Diretivo Transitório é desconfiar dos agentes de futebol, pois há a certeza de que alguns deles foram usados para se desviar dinheiro do Cruzeiro.

 

Fonte: Hoje em Dia ||
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