A onda de crimes contra profissionais da imprensa no Vale do Aço, em Minas Gerais, pode não ficar restrita aos assassinatos do repórter policial e apresentador Rodrigo Neto, em 8 de março, em Ipatinga, e do fotógrafo Walgney Assis Carvalho, morto no último domingo, em Coronel Fabriciano. Outros dois jornalistas sofreram ameaças e estariam na lista de um grupo de extermínio formado por policiais da região. Para proteger os profissionais, polícia intensificou patrulhamento perto da casa de um deles.
As ameaças aconteceram depois dos dois assassinatos. O editor do jornal Diário Popular, Fernando Benedito, e o comunicador Carioca, que apresentava o programa Plantão Policial ao lado de Neto na rádio Vanguarda AM, seriam os próximos alvos dos matadores. A informação já circula entre os profissionais da imprensa que atuam na região.
Benedito foi informado que deveria ficar mais manso com a corporação para que nada de ruim acontecesse. A ameaça a Carioca chegou pelo número de telefone 190, da Polícia Militar. (PM). Uma ligação dava conta de que o radialista poderia ser morto porque sabe demais sobre os crimes ocorridos no Vale do Aço.
As forças de segurança que atuam em Ipatinga têm conhecimento das ameaças, mas ainda não investigam os autores. A Polícia Militar informou apenas que o policiamento foi reforçado nas imediações da casa de Carioca, com viaturas passando na rua onde ele mora com mais frequência que o normal.
Como as investigações correm em sigilo, a Polícia Civil não repassou muitas informações. Apenas se limitou a dizer que há diversas linhas de investigação para as mortes de Neto e Carvalho. O delegado Wagner Pinto, chefe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), esteve em Ipatinga e Coronel Fabriciano.
Entre os profissionais que atuam no Vale do Aço, o pedido é de justiça. Nós esperamos. Queremos respostas da polícia sobre as investigações desses assassinatos, que tanto nos chocaram, afirmou o diretor do jornal Vale do Aço e da rádio Vanguarda AM, Gustavo de Souza. Neto trabalhava nos dois veículos, e Carvalho prestava serviços de freelancer para o jornal impresso.
Mudança
A rotina dos dois jornalistas ameaçados mudou desde então, segundo colegas. Qualquer motocicleta que para ao lado deles é motivo de apreensão e eles não saem mais sem sentir medo de todos aqueles que se aproximam.
A ordem agora, principalmente depois do assassinato de Carvalho, é manter a discrição. Falar abertamente sobre o assunto, por exemplo, é praticamente proibido, uma vez que a sensação de insegurança impera entre os profissionais envolvidos na cobertura.

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