As temperaturas do globo terrestre são as mais altas dos últimos 4.000 anos, segundo um relatório lançado na última quinta-feira (14). Na próxima década, essas temperaturas estão propensas a ultrapassar níveis nunca vistos no planeta desde antes da última era glacial.
Pesquisas anteriores analisaram até cerca de 1.500 anos atrás e sugeriram que o rápido pico de temperaturas no último século – que se acredita ser consequência da atividade humana – excedeu qualquer episódio de aquecimento desse período. O novo trabalho confirma esse resultado e ainda sugere que o aquecimento moderno é único em um longo período.
Segundo os cientistas, mesmo se o aumento da temperatura – derivado da atividade humana – projetada para o fim deste século atingir a margem mais baixa das estimativas, o planeta estará, pelo menos, tão quente quanto estava em qualquer momento da era geológica moderna, conhecida como Holoceno.
Essa época começou há cerca de 12 mil anos, depois que mudanças da radiação solar causaram o derretimento de várias camadas de gelo no hemisfério norte. Os cientistas acreditam que o clima moderado do Holoceno estabeleceu as bases para o surgimento da civilização humana, há cerca de 8.000 anos, e continua a sustentá-la, por exemplo, permitindo uma alta produção de alimentos.
Indicadores
Na nova pesquisa, que será publicada no periódico especializado Science, o especialista em planeta Terra Shaun Marcott, da Universidade de Oregon, e seus colegas compilaram a mais meticulosa reconstrução das temperaturas do globo terrestre pelos últimos 11,3 mil anos – praticamente todo o Holoceno. Eles usaram indicadores como a distribuição de criaturas marinhas microscópicas e sensíveis às variações de temperatura para determinar o clima no passado.
Como os esforços anteriores, o método fornece somente uma aproximação. O pesquisador da Universidade da Pensilvânia Michael E. Mann, especialista nas técnicas utilizadas, mas que não estava envolvido no projeto, afirma que os autores fizeram escolhas conservadoras de dados em suas análises. É mais uma conquista importante e um resultado significativo, à medida que continuamos a refinar nosso conhecimento e o entendimento das mudanças climáticas, afirma.
O relatório é o mais completo até o momento, e é, de forma geral, consistente com os trabalhos anteriores em escala regional.

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