A partir de 25 de janeiro de 2022 vai ser ampliado para 12 o número de doenças rastreadas pelo teste do pezinho em Minas Gerais. Com isso, mais seis enfermidades serão incluídas no programa Estadual de Triagem Neonatal (PTN-MG).

Nesta primeira de cinco fases serão inclusas as seis novas enfermidades, segundo explicou a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). No decorrer dos próximos dois anos, mais doenças serão incluídas no teste do pezinho, e a expectativa é que alcance 33 enfermidades. Anualmente, serão destinados R$ 13 milhões pelo governo de Minas para a ampliação.

“A expectativa nossa é que desdobre políticas para cuidados de doenças raras”, disse o secretário estadual de Saúde, Fábio Baccheretti.

As enfermidades toxoplasmose congênita, distúrbios de betaoxidação dos ácidos graxos, deficiência de acil-CoA de cadeia muito longa, deficiência de 3-OH-acilCoA de cadeia longa, deficiência da proteína trifuncional e deficiência primária de carnitina vão ser incluídas no teste do pezinho nesta primeira fase. O exame precisa ser realizado entre o terceiro e quinto dia de nascimento para ser eficaz.

“A coleta no tempo correto possibilita que o recém-nascido receba tratamento dentro do prazo necessário para evitar sequelas graves no organismo e até mesmo a morte”, Daiana de Carvalho, coordenadora Materno Infantil da SES-MG.

Doenças

A toxoplasmose congênita é causada pelo Toxoplasma gondii, que é um parasita intracelular prevalente no Brasil. As principais vias de transmissão da infecção para o homem são a oral, pela ingestão de carne crua ou mal cozida contendo cistos do parasita ou ingestão de oocistos presentes na terra, areia ou água contaminadas com fezes de gatos infectados; e a transplacentária (vertical).

Os distúrbios da oxidação de ácidos graxos são causados pela falta ou deficiência das enzimas necessárias para decompor gorduras, o que causa retardo do desenvolvimento mental e físico.

A transmissão acontece por genes defeituosos por parte dos pais. “A betaoxidação é uma doença que a comunidade médica pediátrica já lida. O diagnóstico não é feito, pois a criança nasce sem sinais e desenvolve posteriormente. Estas foram as razões para inclusão”, disse José Nélio Januário, diretor do Nupad (Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico). 

“Todas as doenças serão identificadas pelo teste do pezinho, este acréscimo não significa uma nova coleta, é o mesmo material”, destacou o professor. 

Em todos os municípios de Minas Gerais é oferecida a triagem pelo SUS. No total são 3.658 Unidades Básicas de Saúde e 86 Maternidades cadastradas. 

‘Oportunidade de viver’

A ampliação no número de doenças rastreadas pelo teste do pezinho a partir de janeiro do ano que vem é comemorada por Rosely Maria, diretora de comunicação do Instituto Vidas Raras.

“Fico imensamente feliz porque toda a comunidade rara sai ganhando. Quando você expande esta busca, mais crianças têm chance de diagnóstico precoce e terão tratamento e muitos sintomas que causam sequelas e óbitos vão ser evitados”, diz em entrevista a O Tempo.

A emoção tomou conta de Rosely após saber da ampliação do teste no estado mineiro. “Como mãe tenho vontade de chorar. Muitas crianças terão oportunidade de viver, de ter pezinhos no futuro. Terão vida digna, pois a triagem acontecerá no tempo certo”.

Os benefícios com a ampliação “são gigantes”, segundo a membro do Instituto Vidas Raras. “A criança vai ficar saudável, os pais preparados emocionalmente. O SUS terá um gasto a menos, pois evita-se internações desnecessárias. O ganho é inimaginável”, afirma.

Fonte: O Tempo

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