O mundo digital já traz consequências na forma do trabalho e do acesso ao conhecimento, influenciando a economia e o dia-a-dia da sociedade, acarretando maior eficiência, facilidades e oportunidades.

Existem diversas empresas com produção massificada de produtos, funcionando com a supervisão de poucos funcionários a fabricação de produtos por máquinas, robôs e o controle efetuado por softwares de alta performance. Estas indústrias têm alta produtividade e qualidade, não tem acidente de trabalho.

Por sua vez, empresas fazem testes de automóveis trafegando sem motorista, usando sensores e softwares de navegação, e está previsto para, no prazo de 10 anos, termos veículos transitando sem motoristas e, como o maior causador de acidentes é o ser o humano, preconiza-se que chegaremos a um momento que será proibido o ser humano dirigir.

O mercado acionário americano tem cerca de 70% de suas transações efetuadas por robôs, a partir de ordens de compra e venda ativadas por softwares.

O setor bancário realiza milhões de transações bancárias, a maioria de forma digital, com menor interferência dos trabalhadores e sem a necessidade de ter agências físicas. Desta forma, os bancos geram anualmente recordes bilionários de lucros.

O comércio eletrônico aumenta anualmente o faturamento e o número de unidades de produtos vendidos. Um exemplo é o de livros, onde tivemos o fechamento da maioria das livrarias físicas, exceto nas capitais, e o consumidor, em sua maioria, somente consegue adquirir livros através do comércio eletrônico.

A universalização do acesso às bases de dados digitais de conhecimento forma uma geração mais preparada, informada e autossuficiente, pois basta o usuário ser curioso, interessado e disciplinado para poder ter acesso a quaisquer informações. Além disto, a velocidade da divulgação do conhecimento e de seu caráter de conteúdo obsoleto é rápida, e, por isto, por exemplo, os cientistas deixaram de publicar livros com suas teorias e hoje divulgam artigos científicos, adaptando-se à alta velocidade do avanço do conhecimento.

As tecnologias digitais, acrescidos aos eventos da globalização, liberalização da regulação econômica e crescimento dos oligopólios, em todos os cenários citados acima, causam aumento das desigualdades e da riqueza do topo da pirâmide social. Ademais, a tecnologia digital tem alterado o comportamento e o mercado de consumo, como por exemplo, os telefones celulares e os diversos aplicativos neles instalados, tem feito diminuir o consumo de relógios, câmeras fotográficas, máquinas de somar, computadores, etc., contribuindo com o desaparecimento de diversas unidades produtivas e também de empregos.

O mundo vive uma dicotomia antagônica, com alta produção de produtos para os consumidores, utilizando cada vez menor número de trabalhadores e, com isto, tem-se a diminuição da participação dos salários na renda nacional.

Acrescenta-se a isto, o fato de estas tecnologias digitais afetarem a produtividade, o emprego e a renda dos trabalhadores bem qualificados, com os trabalhadores menos qualificados sendo deslocados para tarefas menos valorizadas, com reflexos nos salários, nas taxas de emprego, e estes fatores desafiam o poder público a executar políticas para diminuir as desigualdades e efetuar ações para o estímulo de novas formas de trabalho e de produção.

 

 

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