Cerca de 3.600 pessoas que esperam por um rim ou fígado na fila de transplantes em Minas Gerais podem ser prejudicadas pela burocracia. Em Belo Horizonte, quatro dos principais hospitais que fazem esses procedimentos perderam o prazo do credenciamento para realizarem as cirurgias. Os órgãos de saúde se mobilizam para que transplantes não deixem de ser realizados.
A cada dois anos, os hospitais precisam enviar uma documentação para as secretarias Municipal e Estadual de Saúde e para a Secretaria Nacional de Transplantes (SNT) para renovar o credenciamento que permite a realização dessas operações. Neste ano, o MG Transplantes recebeu o comunicado de quatro hospitais – Santa Casa, Felício Rocho, Hospital das Clínicas e São Francisco – informando que o programa de transplante de rim e fígado foi suspenso, devido à não-renovação desse credenciamento.
De acordo com o coordenador do MG Transplantes, Charles Simão, esses quatro hospitais credenciados são os que mais fazem transplante de fígado e rim no Estado. Eles teriam recebido, do Ministério da Saúde, a orientação para que, no caso de surgir a necessidade de algum transplante de rim, encaminhar para os hospitais da Baleia e Evangélico, que também fazem a cirurgia de transplante de rim, porém possuem estrutura menor.
No ano passado, enquanto a Santa Casa realizou 15 cirurgias de transplante de rim, o Hospital da Baleia fez cinco cirurgias. No caso do transplante de fígado, a situação é ainda pior. Apenas os hospitais das Clínicas e Felício Rocho realizam a cirurgia na capital e ambos estão com a situação irregular.
Segundo Simão, os advogados do MG Transplantes estão de plantão para assegurar que as doações de rim e fígado sejam feitas. Estamos preparados para entrar na Justiça caso surja uma doação, para garantir, por meio de liminar, que a cirurgia seja feita, afirma o coordenador.
Simão informou que um acordo foi firmado ontem com as secretarias municipal e estadual de Saúde para que os transplantes sejam realizados em outros hospitais da cidade ou do Estado. Ontem as famílias de dois potencias doadores fizeram contato com o MG Transplante, mas as doações não foram confirmadas até o fechamento deste edição.
O secretário nacional de transplantes do Ministério da Saúde, Abrahão Salomão, afirma que o órgão já está regularizando a situação dos hospitais e que a renovação pode ser publicada no Diário Oficial da União ainda nesta semana. O prazo de concessão agora será ampliado de dois para três anos para não haver mais o risco de suspender o serviço por um simples atraso no envio da documentação necessária, explicou.
De acordo com Simão, em alguns casos o problema aconteceu por atraso do envio dos próprios hospitais, mas, em outros, a causa foi a burocracia mesmo. Para a renovação, as instituições que realizam transplantes têm de enviar a documentação à Secretaria Municipal de Saúde, que repassa ao Estado, que por sua vez encaminha para o Ministério da Saúde. Na opinião do coordenador, esse processo deveria ser mais centralizado, para agilizar a liberação. Este problema acontece sempre. A complicação agora é que coincidiu de todos os maiores hospitais ficarem em situação irregular ao mesmo tempo, afirma.

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