Parece claro que o prefeito Eugênio Vilela rapidamente captou a mensagem emanada do Legislativo, tão logo foram emitidos sinais do descontentamento reinante naquela Casa, em especial dentre os que se aliaram para elegê-lo.

A verdade é que, decorridos quase 11 meses de governo, e insatisfeitos com a atuação de boa parte da administração, que é composta por “técnicos de reconhecida excelência”, conforme afirma o próprio prefeito; um grande número de vereadores, repentinamente, reagiu e aumentou sua artilharia contra as mazelas ainda reinantes nesta terra e que, no entender dos edis, poderiam vir a ser, se não dizimadas, pelo menos minimizadas por ações desenvolvidas pelos administradores do município.

Estes, sem dúvida alguma, são técnicos de capacidade reconhecida, mas, no entender dos vereadores, uma vez analisados sob a ótica da política, mostram que não dispõem do menor jogo de cintura, qualidade mais que necessária a qualquer gestor da coisa pública, em especial numa época de escassez de recursos, como a atual.

Excetuando-se o vereador Evandro Donizeth (Piruca), todos os demais ajustaram suas pontarias contra alguns secretários e auxiliares do primeiro escalão e sem dó, dispararam suas flechas, carregadas das “justas” reclamações trazidas a público. Muitas delas, consideradas até mesmo como repetitivas, uma vez que as “problemáticas” ali tratadas, como dizia o amigo Claudinê, ainda que sejam de “solucionáticas” simples, permanecem e estão a incomodar muita gente, gerando insatisfações de toda ordem.

E reclamações vindas do povo relatando desprezo ou incompetência de administradores públicos é exatamente tudo aquilo que o vereador não pode e nem deve tolerar!

O posicionamento dos vereadores posto em prática na reunião ordinária, convenhamos, não se trata de inovação, mas, certamente, foi sentido pelo prefeito como um golpe quase mortal. Assemelhou-se àquilo que no meio político se chama de “fogo amigo”. Mesmo ateado por aliados, queima como qualquer outro e costuma ter efeitos até mais danosos.

Diante da nova realidade, certamente se lembrando de seus tempos de legislador, o prefeito determinou que na terça-feira (7), contando com a presença de todo o secretariado, a alta cúpula do palácio com eles se reunisse e a incômoda situação fosse analisada. Lá, certamente cada secretário fez o seu “mea culpa” para ao final do “amistoso encontro” retornar às suas bases, com nova orientação sobre como deve se agir num governo de coalizão.

Afinal, todos sabem que os projetos que Eugênio precisa colocar em votação na Câmara antes que o ano legislativo termine, são todos de vital importância para que o segundo ano de seu governo, venha a ser mais profícuo no que tange a realizações e atendimento do mínimo exigido pela população formiguense que, afinal de contas, apostou todas as suas fichas neste governo de coalizão.

Ficou claro que a maioria dos vereadores entende que não dá mais para defender a inércia, se escudando nas mazelas ou na herança maldita deixada pelos governos anteriores! “É impossível defender o indefensável”!  Esta pequena frase traduz o que os vereadores pensam quando se lembram de que praticamente ¼ de seus mandatos já se esvaiu e que daqui há pouco tempo todos eles estarão mais uma vez, sendo testados nas urnas.

Governo de coalisão tem esta peculiaridade! Ou a base segura o governante, ou se afunda junto com ele se não saltar da canoa antes que ela aderne.

O exemplo do que ocorre hoje com o Temer, guardadas as devidas proporções, se repete por aqui.

Lá, querem dinheiro e cargos. Aqui, felizmente, ao que se viu até então, apenas exigem que o mínimo de atendimento e atenção seja dispensado aos eleitores deles (vereadores).

“Vereador quando faz um pedido de providência, apenas repassa a reivindicação de seu eleitor. Também não é possível que para se tapar um buraco, trocar uma lâmpada, capinar um canto de rua ou cuidar de uma estrada, seja preciso que o vereador se dirija diretamente ao prefeito. Para isto é que se nomeiam secretários e outros detentores de cargos de confiança”, resumiu um vereador ao comentar sobre a nova postura dos colegas.

Finalizando, parece que o prefeito sentiu mesmo a tempo, o golpe contra ele desfechado. No canto do ringue, ele, sabedor de que esta luta só será vencida com o auxílio de todos, não jogou a toalha. Respirou fundo e tratou de reagir. Reuniu sua “tropa”, analisou as críticas e determinou um novo rumo a ser seguido. Também tornou claro que aqueles que se desviarem da nova rota, assim como ocorre com as ovelhas que não seguem o pastor, uma vez desgarradas, serão abandonados à beira do caminho…

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