Turistas mineiros que pretendem passar as férias de verão do próximo ano em Guarapari, no litoral capixaba, devem ficar atentos às novas normas para a entrada de veículos na cidade.

Nos próximos 15 dias, a Câmara de Vereadores local vai votar em audiência pública um projeto de lei que prevê a cobrança de uma taxa para cada automóvel visitante. A expectativa é de que a cobrança do ‘pedágio’, se aprovada, passe a valer de janeiro até o Carnaval – período de maior movimento.

Em dezembro do ano passado, em entrevista à rádio CBN Vitória, o prefeito Orly Gomes (DEM) disse querer limitar o número de pessoas em casas de veraneio para que a cidade recebesse mais turistas “ricos” e menos “pobres”. Na época, a declaração foi recebida com duras críticas por turistas, empresários e comerciantes, e em seguida, foi registrada uma queda expressiva no número de visitantes durante o Carnaval de 2015. A preferência do prefeito pelos ricos também motivou a publicação de vídeos de humor e memes na internet. Na época, a cidade passou a ser chamada ironicamente de “Guaraparis”.

Contrário a esse posicionamento do prefeito, o autor do projeto, o presidente da Câmara, José Wanderlei Astori (PDT), diz que a cobrança ajudaria a superar o momento de crise hídrica na cidade. “Temos mais de 5.000 nascentes. O município tem 120 mil habitantes, e, com a água que temos hoje, conseguimos passar o verão apertados. Se dobrar essa população para 240 mil ou até 500 mil pessoas no verão, estaremos sem água. Se o turista deixar de tomar uma cerveja, ele já nos ajuda a recuperar as nascentes”, diz. O vereador, no entanto, não tem uma estimativa de quanto seria necessário para recuperar as nascentes e nem um número aproximado de carros que entram na cidade nessas épocas.

Todo o dinheiro arrecadado seria repartido em investimentos destinados à recuperação de nascentes (50%), saúde (25%) e no turismo (15%). Os valores, a forma de cobrança e outros detalhes ainda serão discutidos durante as audiências, mas Astoni adianta que o texto sugere valores a partir de R$ 10 para cada veículo pequeno e R$ 20 para ônibus de turismo. “Ainda não pensamos no caso dos turistas que chegarem de avião. Não seria uma alternativa fazer a cobrança nas praças de pedágio da BR–101 porque têm pessoas que vão para Vitória e outras cidades. A sugestão seria fazer o pagamento em uma das três entradas da cidade. Para termos o controle de quem pagou ou não, um adesivo seria colado no vidro do carro”, afirma o vereador. Turistas proprietários de imóveis na cidade também arcariam com a taxa, caso viajassem de carro.

Ideia surgiu após visita a Minas

O projeto de lei da Câmara Municipal de Guarapari que volta a colocar a cidade no foco de uma polêmica nasceu de uma visita do presidente da Casa, vereador Wanderlei Astori (PDT), a Belo Horizonte. É o que ele diz em entrevista ao Portal27TV, publicada no YouTube.

Astroi afirma que a ideia surgiu após ele gastar R$ 32 em um estacionamento da capital mineira. A partir desse dia, ele pensou em desenvolver uma espécie de pedágio para os turistas que vão a Guarapari, “já que muitos mineiros visitam sua cidade, vão embora sem pagar nada e ainda deixam sujeira”, diz o vereador, no vídeo.

Mas os mineiros não gostaram da ideia, não. “Fica bem mais viável ir pra outro lugar que não tenha que pagar. Como Porto Seguro ou Cabo Frio”, afirma o jornalista Felipe Oliveira, 26. Ele viajou em julho com a esposa e o filho para a cidade do litoral capixaba. Segundo Oliveira, a infraestrutura da cidade melhorou, ainda assim, ele não concorda com a cobrança. “Já não bastasse cobrar R$ 1 para usar as duchas. Agora, vão cobrar esse valor. Enfim, melhoraram a infraestrutura, mas pecaram em uma série de fatores. Acho que a medida afastará muitos turistas”, alega o jornalista. 

 

O Tempo Online

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