Parlamento da Turquia aprovou nesta quarta-feira (com 507 votos contra 19) uma medida que autoriza uma ação militar no norte do Iraque para combater rebeldes do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão). A medida vale por um ano.
Ao saber da aprovação, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pediu que a Turquia não lance uma ofensiva na região.
Veículo blindado busca minas em via na Província de Sirnak, perto do Iraque
Nós queremos deixar claro à Turquia que, em nossa opinião, não é de seu interesse enviar militares para o Iraque, disse Bush em entrevista coletiva.
O primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, disse ontem que, mesmo se aprovada, a medida pode não ser colocada em prática.
A Turquia informa que nem os americanos nem os iraquianos tomaram medidas efetivas contra os rebeldes.
Representantes do Iraque e americanos disseram que devem enfrentar o problema com mais força, com o objetivo de evitar uma intervenção turca.

O Iraque

O vice-presidente do Iraque, Tareq al Hashemi, disse hoje em Ancara, na Turquia, que atingiu seus objetivos em conversas com representantes turcos. Hashemi chegou à Turquia ontem.
Eu acho que consegui o que queria. Agora há uma nova atmosfera e nós podemos usá-la. O Iraque deve ter uma chance para combater as atividades terroristas entre fronteiras, disse Hashemi.
O governo iraquiano deve enviar uma delegação de políticos e de pessoal de segurança para a Turquia para se comprometer a combater os rebeldes que se escondem em território iraquiano, segundo um comunicado distribuído hoje. O texto não diz quando a delegação deixa o Iraque rumo à Turquia.

EUA

Os EUA,que têm a Turquia como um aliado na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), alegam temer que uma incursão na região desestabilize uma das áreas consideradas pelos americanos das mais seguras no Iraque. Outro temor que os EUA divulgaram foi o de que uma possível ação incentive outros países a intervir na região.
A concentração das forças americanas está no centro e no sul do Iraque, áreas consideradas mais instáveis pelos EUA.
Nós tomamos alguns passos, mas eles foram inadequados e nós estamos tentando melhorar nossa cooperação entre o Iraque a Turquia, disse Brent Scowcroft, um ex-conselheiro do Conselho Nacional de Segurança dos EUA, à Reuters.

Apreensão

Curdos em território turco observam as manobras do Exército turco na região que podem ser preparatórias à possível incursão no norte do Iraque.
Nós estamos preocupados de que pode ser um período de conflitos sérios entre poderes regionais se há uma operação que cruze a fronteira em um momento que tensões crescem entre o Irã e os EUA, disse à Reuters o prefeito da cidade de Sirnak, Ahmet Ertak, que pertence ao Partido Sociedade Democrática –popular na região curda.

Os moradores de Sirnak também se preocupam quanto a uma possível invasão ao norte do Iraque devido aos laços de parentesco. Meu tio tem uma loja em Zakho [norte do Iraque]. Nós estamos preocupados pelo que irá acontecer com nossos parentes lá. Não importa se curdo ou turco, eu não quero que ninguém morra, disse Murat Damar, 25.
A parte do derramamento de sangue, as pessoas no local dizem que o conflito tem conseqüências sociais e econômicas profundas.
A vida ficará paralisada na região se ocorre uma operação. As pessoas vão terminar com nenhuma outra escolha a não ser partir, disse o presidente da Câmara de Comércio de Sirnak, Halil Balkan.
Nos anos 1990, confrontos entre governo e rebeldes paralisaram a economia da região, levando muitas pessoas a deixar seus vilarejos em busca de cidades maiores –e mais seguras–, provocando uma onda de desemprego em Sirnak e centros regionais.

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