A Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) aumentou em cinco vezes o repasse de verbas à Fundação Educativa de Rádio e Televisão Ouro Preto (Feop) desde 2005, ano em que a entidade perdeu seu credenciamento nos ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia. A falta de regularização já havia sido constatada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em auditorias, mas a instituição de ensino ignorou o problema e continuou contratando a fundação de apoio. Em 2005, foram firmados R$ 1,3 milhão em convênios, volume que chegou a R$ 6,5 milhões em 2008. De acordo com o TCU, nesse período houve diversas irregularidades, como transferência de recursos à fundação a título de empréstimo e gestão dos recursos arrecadados pelo Centro de Educação Aberta e a Distância (Cead) da Ufop, atividade da universidade com alcance em outros estados, como São Paulo e Bahia.
?Mesmo sabendo que a Feop não estava credenciada, continuamos fazendo os contratos. Todos os projetos foram desenvolvidos com o aval do conselho superior da universidade. Não poderíamos fechar a fundação e mandar todo o pessoal embora?, afirma o reitor em exercício da Ufop, Antenor Rodrigues Barbosa Júnior. Ele credita o aumento do volume de recursos transferidos ao avanço dos projetos de pesquisa da universidade, mas admite o problema: ?Fomos alertados, não fujo dessa responsabilidade?.
A Ufop foi uma das 16 universidades federais investigadas no segundo semestre do ano passado pelo TCU, que se centrou na relação entre as instituições de ensino e as fundações de apoio. Pelo menos R$ 18,2 milhões transferidos em 2007 e 2008 à Feop e à Fundação Gorceix foram vasculhados pelo órgão de controle federal. Além da falta de credenciamento da Feop, os auditores do tribunal registraram ausências na formalização de convênios e contratos, entre elas pesquisa de mercado para comprovar a viabilidade da contratação da fundação, cláusula obrigando prestação de contas, orçamento detalhado em planilhas e comprovação da capacitação técnica adequada da fundação para execução do objeto. Os técnicos também apontaram ausência de controle interno, não ressarcimento pelo uso de bens da universidade e transferência de recursos arrecadados com vestibular à Feop.
Barbosa Júnior informa que, desde o último processo seletivo, a gestão passou a ser feita pela universidade, atendendo recomendação do TCU. Diz também que os outros pontos levantados pelos auditores estão sendo discutidos pelo setor jurídico da instituição e que está pronto para as mudanças. ?Muitos projetos só se viabilizaram porque havia flexibilidade. A máquina estatal é muito lenta. Vamos ter que trabalhar essa questão com nossos financiadores?, disse o reitor em exercício, que assumiu em 2005. Ele afirma que desde aquela época a Feop vem tentando validar seu credenciamento.

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