Um milhão de brasileiros se queimam todos os anos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Queimaduras. Desses casos, 80% acontecem em casa (metade na cozinha e por escaldo, ou seja, derrame de líquido em alta temperatura). Cerca de 30% ocorrem com menores de 12 anos, e a faixa de 1 a 5 anos é a que mais sofre acidentes domésticos.
Produtos quentes, como óleo, são a principal origem de queimaduras, seguidos por álcool. Fogos de artifício também costumam causar lesões, e 65% das vítimas são homens. Por isso, cozinhas e churrasqueiras são os locais da casa que mais exigem cautela.
Para explicar como a pele reage ao calor, os tipos de lesões, ações de prevenção e tratamento, o cirurgião plástico Vitor Buaride e o infectologista Caio Rosenthal, explicam sobre o assunto.
As queimaduras são classificadas de acordo com a profundidade com que atingem a pele. Quanto mais interno o ferimento, mais grave é a situação e maiores as chances de cicatrizes permanentes.
Alguns cuidados básicos podem reduzir acidentes. Na cozinha, não se deve usar panelas com cabos frouxos ? as caçarolas são mais seguras. A panela de pressão também exige atenção especial, e é preciso verificar sempre a válvula (que deve girar e fazer barulho) e não abrir o recipiente antes que todo o vapor saia. No caso de uma frigideira em chamas, o único procedimento deve ser tampá-la e desligar o gás.
Curar as feridas por queimaduras também requer orientações específicas. Produtos como gelo, clara de ovo, creme dental, pó de café, manteiga, vinagre, água sanitária, leite, álcool e babosa, entre outros, nunca devem ser aplicados na região queimada. Anestésicos sob a forma de pomadas, cremes e sprays também não são indicados, pois a pele danificada absorve substâncias com mais facilidade e a limpeza no hospital ou pronto-socorro se torna mais difícil. O ideal é lavar com água fria corrente e abundante, cobrir com pano úmido e procurar um médico. Em caso de queimaduras por sol, pode-se passar hidratante.
Quando houver labareda, pegue o primeiro pano à sua frente para apagá-la, mas não deixe esse tecido em contato com o ferimento. Se formar bolhas no local, não estoure, porque isso abre portas para infecções. O número de emergência para chamar uma ambulância é o 192, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Botijões de gás
– Ao comprar um produto, verifique sempre se não está amassado, enferrujado ou com vazamentos
– Olhe a validade da mangueira plástica
– Não deixe o botijão em local sem ventilação ou próximo aos ralos
– Não busque vazamentos no botijão usando fósforos, velas ou isqueiros, pois poderá ocorrer uma explosão. Os bombeiros recomendam um teste com água para saber se há vazamento. Se existir, vão surgir bolhas
– O botijão de gás nunca explode, porque tem uma válvula de segurança que impede a entrada de oxigênio. O procedimento mais adequado em uma emergência é baixar essa válvula e retirar o botijão do local. O fogo pode entrar no recipiente quando houver uma falha de fabricação, mas isso é raro
– Nunca deite o botijão
– Se sentir cheiro de gás ao entrar em um cômodo, abra portas e janelas, feche o registro de gás, não acenda a luz, não acione interruptores, não ligue nem desligue nenhum equipamento elétrico, desligue a chave geral de eletricidade, não acenda fósforos, velas ou isqueiros e não fume, pois uma pequena faísca pode provocar uma explosão
– Ao sair de casa, feche o registro do gás e nunca deixe uma panela no fogo
Álcool
– Evite o uso de álcool líquido e outros líquidos inflamáveis para acender churrasqueiras e fogueiras, pois o frasco pode explodir
– Não utilize álcool engarrafado diretamente sobre fogo, na forma de jato, pois pode ocorrer uma grave explosão. Muitas vezes a chama está presente, mas é pouco visível
– Dê preferência aos tabletes acendedores e álcool gel, que não escorre e restringe a área atingida em caso de queimaduras. Não compre álcool combustível em postos de gasolina, pois é perigoso. Evite o uso de álcool líquido na limpeza doméstica e opte por produtos menos perigosos, à disposição nos supermercados
– Em 2002, a venda do álcool líquido foi proibida. De lá para cá, o número de internações caiu 30%, principalmente entre as crianças. Porém, em menos de um ano as empresas fabricantes conseguiram liminares na Justiça permitindo a retomada das vendas
– Atualmente, está tramitando na Câmara dos Deputados um novo projeto de lei que defende a venda de álcool líquido apenas para laboratórios científicos e consultórios médicos, e proíbe a aquisição do produto para uso doméstico.

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