A vacinação contra a gripe comum reduziu em 20% a mortalidade de idosos por enfarte na cidade de São Paulo, segundo pesquisa do Instituto do Coração de São Paulo (Incor). Isso acontece porque os efeitos da gripe no organismo, como desidratação, taquicardia febre e processos inflamatórios, podem atuar como gatilho para problemas cardíacos.
Pessoas imunizadas não ficam doentes ou têm quadros infecciosos muito mais leves, com menos riscos de complicações, explica Antonio Mansur, um dos autores da pesquisa publicada na revista Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Os cientistas investigam agora a hipótese de que a vacina tenha um efeito protetor ainda mais importante para pacientes cardíacos jovens.
Os pesquisadores analisaram a mortalidade de idosos por doenças cardiovasculares na capital entre 1980 e 2006. Ao comparar o período anterior ao programa de vacinação – que em São Paulo começou em 1998 – com o período seguinte, verificaram queda de 36% nas mortes por enfarte. Desse total, 20% eles atribuem à influência da vacinação.
Estudos internacionais já tinham investigado os benefícios da vacina contra o vírus influenza para o coração, mas sua eficácia na prevenção do enfarte ainda é controversa. Este é o primeiro levantamento sobre o tema feito no Brasil.
Segundo Mansur, o próximo passo é investigar a hipótese de que a proteção da vacina para o coração seja importante em pacientes jovens. Ele explica que a inflamação causada pelas placas de gordura nas artérias é pior nos mais jovens porque o processo é recente.
A estratégia de vacinação de idosos contra a gripe começou em 1999 em todo o País. Hoje a imunização ocorre anualmente, entre a segunda quinzena de abril e a segunda quinzena do mês de maio. Na última campanha foram imunizados 82,73% dos brasileiros com mais de 60 anos, segundo dados do Ministério da Saúde.

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