Mesmo sem nenhum caso registrado em Minas Gerais desde 1999, ano em que foram notificadas nove ocorrências, o sarampo se mantém como a principal causa de morte por doença imunoprevenível, com incidência em diferentes regiões do mundo. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que globalmente ocorrem 36,5 milhões de casos e 1,5 milhão de mortes pela doença a cada ano.
Em 2010, o Brasil já confirmou 57 casos de sarampo. As ocorrências se concentram em três estados: Rio Grande do Sul, Pará e Paraíba. Neste último a situação é a mais grave, com 47 confirmações. Os casos foram registrados em pessoas não vacinadas por diferentes motivos – opção terapêutica pela homeopatia ou alergia a algum componente da vacina. Nas Américas, no período de janeiro a 28 de agosto, foram contabilizados 155 casos de sarampo.
?A circulação endêmica do sarampo nas Américas foi interrompida em 2002. Desde então, os casos da doença na região sempre foram identificados como relacionados à importação de países onde ela continua endêmica?, destacou Kleber Abreu dos Santos, referência técnica estadual em Sarampo.
Um exemplo foi o retorno de brasileiros que foram à Copa do Mundo de Futebol na África do Sul e da temporada de férias de inverno no Brasil, que influenciaram na elevação de casos ocorridos nas Américas.
Ações de vacinação
De acordo com Kleber, o controle do sarampo nos últimos 10 anos no Estado é resultado do trabalho dos profissionais de saúde envolvidos na vigilância da doença. ?De maneira sensível e oportuna, cada caso suspeito é investigado e as medidas de controle para prevenir e limitar a circulação viral planejadas. Faz-se necessário reforçar o alerta para as ações preconizadas de identificação, notificação e controle do sarampo?, destacou ele.
Uma das medidas é manter altas coberturas vacinais e homogeneidade na vacinação de rotina e alertar os viajantes sobre a necessidade de manterem as vacinas atualizadas antes de viajar (recomenda-se 15 dias antes da viagem).
A vacina tríplice viral (SCR), que protege contra o sarampo, previne também a rubéola e a caxumba. No calendário nacional de vacinação de rotina, a primeira dose deve ser administrada a toda criança de um ano de idade e uma segunda dose entre quatro e seis anos de idade.
?É de grande importância a proteção contra o sarampo dos viajantes, principalmente com destino a locais onde há circulação viral atual. Reforçar vacinação de profissionais que atuem no setor de turismo, motoristas de táxi, funcionários de hotéis e restaurantes, e outros que mantenham contato com viajantes. A vacina contra o sarampo é a medida de prevenção mais eficaz?, lembrou Tânia Caldeira Brant, coordenadora estadual de imunização.
Para evitar a propagação da doença, recomenda-se reforçar a aplicação da vacina na população na faixa etária de 1 a 49 anos. A dose é gratuita e está disponível nos postos de saúde nos municípios.
Sarampo e sintomas
O sarampo é uma doença infectocontagiosa provocada pelo Morbili vírus e transmitida por secreções das vias respiratórias como gotículas eliminadas pelo espirro ou pela tosse. O período de incubação, ou seja, o tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas, gira em torno de 12 dias e a transmissão pode ocorrer antes do aparecimento dos sintomas e estender-se até o quarto dia depois que surgiram placas avermelhadas na pele. Em gestantes, pode provocar aborto ou parto prematuro.
Os principais sintomas são manchas avermelhadas na pele (exantema maculopapular eritematoso), que começam no rosto e progridem em direção aos pés. Podem-se citar ainda os seguintes sintomas: febre, tosse, mal-estar, conjuntivite, coriza, perda do apetite e manchas brancas na parte interna das bochechas (exantema de Koplik). Otite, pneumonia, encefalite são complicações graves que podem ser ocasionadas pela doença.

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