Com o rompimento da Barragem I da Mina de Córrego do Feijão, a Justiça determinou a suspensão do lançamento de rejeitos em oito barragens da Vale em Minas Gerais. A medida, resultado de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), impacta diretamente na operação da mina de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo, na região Central de Minas Gerais.

A mina, que já foi considerada a maior em capacidade inicial de produção do mundo e é a maior do estado atualmente, depende diretamente do descarte de rejeitos na barragem de Laranjeiras, uma das bloqueadas pela decisão judicial. O prefeito da cidade onde a mina funciona, Antônio Carlos Noronha Bicalho, afirmou que entre 80% e 90% das atividades do empreendimento foram paralisados. Segundo ele, a Vale informou sobre a parada das operações no último sábado. “Apenas produção de (minérios) finos segue normal”, afirmou.

Em um comunicado aos investidores, a Vale afirmou que a interrupção temporária de parte dos trabalhos em Brucutu pode levar a um impacto de aproximadamente 30 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.

O presidente do Sindicato Metabase de Mariana, Ângelo Eleutério, que representa os trabalhadores da Mina de Brucutu, também confirmou a informação, acrescentando que inicialmente esta paralisação não estava prevista dentro do plano de descomissionamento anunciado na semana passada.

A reportagem tentou acesso à decisão judicial, que foi tomada no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), mas o órgão afirmou que o processo corre em segredo de justiça.

Recurso

Em seu comunicado, a Vale informou que está recorrendo da decisão que determinou a paralisação das barragens Menezes II, Capitão do Mato, Dique B, Taquaras, Forquilha I, Forquilha II e Forquilha III, além da Laranjeiras.

Segundo a empresa, somente as barragens Forquilha I, Forquilha II e Forquilha III funcionaram com o alteamento à montante, método utilizado nas duas barragens da empresa que se romperam, Fundão em 2015 e Córrego do Feijão em 2019. As barragens à montante bloqueadas agora pela Justiça, no entanto, já estavam inoperantes e abrangidas pelo plano de descomissionamento acelerado, conforme informou a Vale aos investidores.

As demais são estruturas convencionais e, segundo explicou a empresa, “têm propósito exclusivo de contenção de sedimentos e não de disposição de rejeitos”. Assim, a Vale afirmou que, em seu entendimento, “não existe fundamento técnico ou avaliação de risco que justifique uma decisão para suspender a operação de qualquer dessas barragens”.

 

 

Fonte: Hoje em Dia ||

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