Você já tentou se projetar para o futuro e imaginar como estará sua carreira profissional daqui a dez ou vinte anos? Certamente, não passa pela sua cabeça chegar aos 40 anos sem saber o que quer da vida. Por mais rápida que seja, toda experiência pode servir como parâmetro para suas escolhas no campo profissional.
Conhecimento teórico é bastante importante, mas sem a vivência cotidiana em uma organização, em que se colocam em prática tais conhecimentos, o tão esperado sucesso profissional pode demorar mais a chegar.
?Esta experiência de estágio tem me permitido conviver com questões corporativas, pois estar numa grande empresa, participar de reuniões e trocar idéias com profissionais mais experientes faz toda a diferença, diz Maria Clara Picarelli, estagiária responsável pela parte de benefícios da área de RH da indústria farmacêutica Eli Lilly do Brasil. Por recomendação de uma amiga, a estudante de administração da USP disse ter buscado a empresa por saber de sua reputação com o desenvolvimento de pessoas, cujo setor de Recursos Humanos é muito forte e considerado um dos melhores lugares para se trabalhar.
Realmente, identificar-se com os valores da empresa diminui bastante a chance de frustração. Foi apostando suas fichas nisso que o administrador de empresas, Maurício Tkatchuk iniciou sua carreira de trainee na Mercedes-Benz, há um ano e meio. Efetivado ao final do processo, hoje, aos 22 anos de idade, atua como planejador de logística e coordena uma equipe de cinco pessoas, incluindo um estagiário. ?Poder circular em diferentes áreas da empresa me ajudou no processo de amadurecimento e a fazer escolhas que determinaram meu futuro na companhia, afirma o profissional.
Nesse aspecto, o compromisso com os resultados ganha força e vida no ambiente corporativo. À semelhança do que ocorre na Mercedes-Benz, a analista de Recursos Humanos da indústria farmacêutica Eli Lilly, Juliana Tomassini, observa ser crucial haver entre todos, dos estagiários aos funcionários efetivos da empresa, a responsabilidade pela maximização produtiva, em conformidade com os objetivos da companhia. Para isso, desempenho e um plano de metas são relacionados e anualmente analisados.
Juliana Tomassini acredita que uma prova de que estão no caminho certo aparece na taxa de efetivação de 40% de seu pessoal, demonstrando baixo turnover. ?Aqui, o profissional pode evoluir em alguma expertise que sinta necessidade com foco na performance ótima. O estagiário, em especial, deve ter um acompanhamento mais próximo para que amadureça com a troca de conhecimentos e chegue onde queira de forma a ser eficiente no que faz, aplicando toda a sua competência a sua área de atuação.
Porém, nem só de empresas sérias vive o mundo corporativo, por isso, muitos universitários acabam concluindo os estudos sem estar inseridos na área de formação. Em fóruns de discussão sobre o tema na internet o que mais se lê são frases do tipo: Não quero ser mão-de-obra barata!, Não vou estudar tanto para ser um estagiário que só tapa-buraco. Para se evitar problemas assim, devem ser preservados interesses comuns a serem compartilhados entre universidade, estagiário e empresa.
Para o Coordenador do GCET (Grupo de Coordenadores de Estagiários e Trainees), Abraão Dantas dos Santos Jr., cada parte leva o seu quinhão já que o jovem entra com gás e quer mostrar serviço para a empresa. Esta, por sua vez, pode se beneficiar não só pela isenção fiscal, mas pelo fato de poder lapidar o estagiário como quiser, pois ele ainda não apresenta vícios. Para a Universidade é ótimo também, afinal o que ela quer é ver seu aluno no mercado de trabalho. ?A preocupação de inserir jovens na ativa inclui-se no aspecto da questão social, já que o maior índice de desemprego no Brasil chega a quase 9% nessa população. Os que estão entre 17 e 20 anos de idade correspondem a 20% desse total, ou seja, dobra o percentual, porque é mesmo difícil ter a primeira oportunidade.
Em junho deste ano, o GCET apresentou uma pesquisa realizada com 61 grandes empresas e 1639 estagiários, cujo principal objetivo foi levantar quais são as melhores práticas de estágio. Alguns números surpreendem: em 34% das empresas pesquisadas, a taxa de efetivação de estagiários é de 50% a 80% e a bolsa-auxílio varia de R$ 800,00 a R$1.300,00, em 64% das empresas ouvidas na pesquisa. Entre os cursos que possuem as melhores oportunidades estão administração de empresas, ciências econômicas, ciências contábeis, comunicação social, direito, engenharia elétrica, engenharia de produção, engenharia química, psicologia e sistemas de informação.
Estagiário e Trainee: você sabe a diferença?
Estagiário
O candidato ainda não é formado. Sua bolsa-auxílio fica em torno de R$ 800,00 a R$ 1000,00 por seis horas de trabalho. O contrato não pode passar de dois anos, mas, durante a sua vigência, tem direito a 30 dias de férias. Após um ano de estágio pode receber vale-transporte, vale-refeição e convênio médico.
Trainee
É o profissional recém-formado. Tem contrato conforme a CLT e passa por um treinamento específico para assumir cargos de nível executivo num curto espaço de tempo, em até três anos.
Para Tais Amaral, a empresa deve reter o jovem talento. Um bom programa numa companhia é aquele em que o estagiário tenha possibilidade de contato com variadas áreas de atuação, favorecendo o crescimento profissional e a construção de um plano de carreira.
Mas para dar o pontapé inicial na carreira, não basta receber a informação de que determinada empresa está recrutando estagiários ou trainees, é preciso ter seu currículo avaliado em seleção prévia, fazer testes específicos e participar de dinâmicas de grupo. Nessa etapa, os principais comportamentos avaliados são o trabalho em equipe, a capacidade de comunicação e iniciativa.
E por que não iniciar a carreira agora mesmo buscando uma vaga de estágio? Fique atento aos cartazes fixados na sua faculdade e vá à luta.
Veja as vantagens de ingressar numa empresa como estagiário ou trainee e quais as carreiras que oferecem melhores oportunidades

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