Desde março, quando começou a campanha pelo fim do uso da sacola plástica em Belo Horizonte, os supermercados da capital já venderam cerca de 1 milhão de sacolas retornáveis. Vendidas em diferentes tamanhos, materiais e estilos, as embalagens – apontadas pelos empresários como a principal alternativa para o consumidor – já renderam pelo menos R$ 2 milhões aos supermercados.
O valor foi calculado pela reportagem, tendo como base a cobrança de R$ 2 a unidade, menor preço das sacolas à venda em Belo Horizonte, mas pode ser bem maior, já que existem sacolas sendo vendidas por mais de R$ 10 na cidade. Um cruzamento de diversos dados já divulgados pela Associação Mineira de Supermercados (Amis) mostra que o valor obtido em cerca de dois meses de vendas representa 42,5% do que o setor gastava anualmente com sacolas plásticas.
Segundo a Amis, Belo Horizonte usava por ano 157 milhões de sacolas plásticas, que custavam R$ 0,03 a unidade. Isso representava um gasto anual de R$ 4,7 milhões, que foi eliminado. A Associação Mineira de Supermercados (Amis) foi procurada, mas não comentou os dados.
Cartel
Além das sacolas retornáveis, os supermercados vendem também embalagens biodegradáveis, ou compostáveis, por R$ 0,19 a unidade. De acordo com as empresas, o valor é o de custo da embalagem, que é repassado ao consumidor, por isso, o preço é igual em todos os supermercados da cidade.
O Ministério Público Estadual está investigando se a prática configura formação de cartel ou fere o direito do consumidor, mas ainda não se pronunciou a respeito. O Procon Municipal disse que não encontrou indícios de irregularidade na venda por preço uniforme.
Em audiência pública na Câmara Municipal, há duas semanas, o superintendente da Amis, Adilson Rodrigues, disse que a cobrança é inevitável, para não repassar o valor aos produtos e penalizar quem optou pela sacola retornável ou outros meios, como levar as compras em caixas de papelão ou nas mãos. Nós não queremos vender sacola, estamos apenas repassando a preço de custo, disse.
A recomendação da Amis é que o estoque de sacolas compostáveis seja o equivalente a 20% do total de plásticos usados anteriormente, o que significa 31,4 milhões de unidades por ano. Ao custo de R$ 0,19 a unidade, as compostáveis movimentarão outros R$ 5,966 milhões por ano na cidade.

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