O Brasil no período de redemocratização teve três vice-presidentes a assumir a função de primeiro mandatário, no caso José Sarney (vice de Tancredo Neves), Itamar Franco (vice de Fernando Collor de Mello) e Michel Temer (vice de Dilma Rousseff). Somente os Presidentes Fernando Henrique Cardoso, PSDB, e Luiz Inácio Lula da Silva, PT, iniciaram e completaram os mandatos, sem serem substituídos pelos seus vices.
O governo de Jair Bolsonaro não tem um programa bem definido para melhorar a vida população e tem se caracterizado por atuações tópicas radicais de extrema-direita de moralismo em nome da família tradicional, da heterossexualidade compulsória e de uma visão religiosa do mundo.
Nesse cenário, Hamilton Mourão, vice-presidente, aparece como o contraponto ao radicalismo, protagonizados pelo próprio Presidente da República e seus filhos, além de alguns Ministros civis.
São muitos os exemplos de radicalizações e, logo a seguir, aparece Mourão a contemporizar os ânimos.
No episódio da Venezuela, o Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou ter o Brasil liderado os Estados Unidos nos esforços para derrubar o governo de Nicolas Maduro. Coube a Mourão, no dia 25.02.2019, na reunião do Grupo de Lima, afirmar não ser possível aventuras militares, a saída é pela via diplomática e deve-se aumentar a pressão econômica e diplomática sobre a Venezuela.
Quando o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse, no Programa Roda Viva, não conhecer Chico Mendes e mostrou dúvidas sobre a sua reputação, no dia seguinte, o Vice-Presidente declarou: “Chico Mendes faz parte da história do Brasil na defesa do meio ambiente”.
O recuo de Sergio Moro na nomeação da especialista em segurança pública Ilona Szabó para um cargo no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, a pedido de Bolsonaro, foi lamentado pelo vice-presidente, ao afirmar que o governo precisa aprender a conviver com as diferenças de opinião.
Nas diversas áreas do governo, fala-se somente em acabar com ações de ideologia de gênero, de raça, de sexo, de despetização, etc.
No dia-a-dia, o povo não sente melhorias em sua vida e sente as mesmas dificuldades do governo anterior.
Não foram apresentadas ações efetivas para a geração de emprego, estímulo ao consumo, facilitação do crédito, solução das dificuldades financeiras dos Estados e Municípios, política de diminuição do endividamento, entre outras.
As únicas ações apresentadas são o pacote de leis contra a corrupção e o crime e a reforma da previdência. A prioridade é negociar a aprovação das mudanças na previdência, para gerar melhoria fiscal para os cofres públicos e agradar ao mercado financeiro.
Enquanto não se tem resultados efetivos e somente desgaste político em embates ideológicos, cresce a popularidade do vice-presidente, devido a estratégia de se mostrar como um nome viável para assumir os rumos do país, no caso de uma ainda hipotética vacância do cargo de presidente.
