Manifestantes cruzaram nesta segunda-feira (4) uma das principais pontes de Bagdá, capital iraquiana, rumo à emissora de TV estatal e a sede do governo do primeiro-ministro Adel Abdul-Mahdi. Forças de segurança abriram fogo, e ao menos cinco pessoas morreram – cifra que eleva o número de mortos para além de 260 desde o início dos protestos no Iraque, no início de outubro.

É uma das raras vezes em que os manifestantes cruzaram o rio Tigre rumo à Zona Verde, área protegida pelas forças de segurança por abrigar órgãos importantes para o governo iraquiano. Segundo a agência Associated Press, veículos com kits de primeiros-socorros abriam espaço na multidão para levar e trazer medicamentos aos feridos pelos confrontos.

Os protestos desta segunda-feira ocorreram mesmo com os pedidos do primeiro-ministro Adel Abdul-Mahdi para que os manifestantes voltassem à rotina.

Manifestantes fazem barricada perto de emissora estatal do Iraque em Bagdá nesta segunda-feira (4) — Foto: Khalid Mohammed/AP Photo

Os manifestantes protestam contra corrupção, más condições dos serviços público e desemprego, e pedem a queda do governo. Porém, o presidente do Iraque, Barham Saleh, – responsável por nomear o premiê – ressaltou que Abdul-Mahdi só deixará o cargo se houver um acordo sobre sua sucessão, para evitar um vácuo constitucional.

Protestos contra o Irã

Em Kerbala, cidade sagrada xiita do Iraque, manifestantes se dirigiram até a frente do consulado do Irã na noite de domingo e tentaram incendiar a representação diplomática do país vizinho, que apoia o governo iraquiano. Forças de segurança abriram fogo; o número de mortos chegou a três, segundo a agência AP, e quatro, segundo a France Presse.

Os manifestantes hastearam bandeiras iraquianas ao redor do consulado e escreveu palavras de ordem como “Kerbala livre, Irã fora”. Sagrada para os muçulmanos xiitas, a cidade é visitada por milhões de peregrinos iranianos a cada ano.

“Protegem o consulado de um país estrangeiro, quando nós queremos apenas que nosso país seja livre, sem nenhum outro país que o comande”, disse um manifestantes segundo a AFP.

Os manifestantes acusam o Irã de estar por trás do atual sistema político iraquiano, que consideram corrupto e incompetente. Desde o início dos protestos, no mês passado, o general Qasem Soleimani, comandante das operações da Guarda Revolucionária iraniana no exterior, visitou o Iraque diversas vezes.

 

Fonte: G1 ||
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