A Unidos do Viradouro, escola de samba de Niterói, é a campeã do carnaval do Rio de Janeiro. O resultado dos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial foi divulgado nessa quarta-feira (26) pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), na Praça da Apoteose. Esta é a segunda vitória da escola, que também levou o título 1997.

Foto: Fernado Grilli _Riotur

Com o enredo “Viradouro de alma lavada”, dos carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon, a escola de Niterói resgata a bravura das escravas de ganho do Abaeté, que trabalhavam para comprar a alforria de parentes e amigos.

Foto: Riotur

“Viradouro de alma lavada descreve a valentia e a bravura das mulheres que fizeram parte do início das páginas da história de liberdade do nosso país”, explica a descrição do desfile deste ano.

A disputa foi acirrada e com reviravoltas. A apuração terminou com empate com a Grande Rio, na pontuação.

Viradouro levou o título por ter melhor pontuação no quesito evolução, o segundo no critério de desempate, já que no primeiro, harmonia, também houve igualdade nas notas válidas. Estácio de Sá e União da Ilha do Governador foram as rebaixadas.

“Estamos de alma lavada. Essa escola merecia”, disse Tarcísio Zanon, carnavalesco da escola. “Muito amor por esta escola, levamos o título depois de muitos anos. A festa não tem hora para acabar em Niterói”, completou o presidente da escola, Marcelinho Calil. É a segunda vez que a Viradouro é a campeã do Carnaval do Rio – venceu também em 1997.

A força da mulher negra foi o tema do samba que mostrou lavadeiras de Itapuã, na Bahia. Mulheres escravizadas que vendiam comida e lavavam roupas na Lagoa do Abaeté, em Salvador. Com o dinheiro, compravam a liberdade de outras mulheres escravizadas.

Foto: Twitter/Reprodução

O samba-enredo de Dadinho, Fadico, Rildo Seixas, Manolo, Anderson Lemos, Carlinhos Fionda e Alves fala do grupo musical baiano que surgiu dos cantos, danças, crenças e da força daquelas lavadeiras.

Ora yê yê o oxum! Seu dourado tem axé
Fiz o meu quilombo no Abaeté
Quem lava a alma desta gente veste ouro
É Viradouro! É Viradouro!

Levanta preta que o Sol tá na janela
Leva a gamela pro xaréu do pescador
A alforria se conquista com o ganho
E o balaio é do tamanho do suor do seu amor

Marcus (E), Tarcísio (D) e a taça de campeões — Foto: Reprodução/TV Globo

Em segundo lugar, ficou a Acadêmicos do Grande Rio, com o enredo “Tata Londirá – O canto do caboclo no Quilombo de Caxias” dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, a escola contou a história de João Alves Torres Filho, o babalorixá Joãozinho da Gomeia, que virou um ícone do candomblé no Brasil.

Enredo da Grande Rio abordou a intolerância religiosa (Foto via portal Pleno.News/Divulgação)

Os envelopes com as notas das escolas foram abertos na seguinte ordem: fantasias; samba-enredo; comissão de frente; enredo; alegorias e adereços; bateria; mestre-sala e porta-bandeira; evolução; e, harmonia. A pontuação da escola nos quesitos considerou três das cinco notas. Foram descartadas a maior e a menor nota.

As notas foram atribuídas a cada escola pelos 45 jurados do carnaval de 2020. As seis que somaram mais pontos voltam ao Sambódromo no próximo sábado (29), para o tradicional desfile das campeãs. Desfilam, além da Viradouro, Mangueira, Grande Rio, Salgueiro, Mocidade e Beija-Flor.

Rebaixamentos

Foram rebaixadas as escolas Estácio de Sá, com o enredo Pedra e União da Ilha do Governador, com o enredo Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas; a sorte está lançada: salve-se quem puder!

Com os dois rebaixamentos este ano, o Grupo Especial volta a ter 12 escolas. A primeira divisão do samba passou a ter 13 escolas depois que os rebaixamentos de 2017 foram suspensos. Paraíso do Tuiuti cairia para a Série A, mas a Liesa decidiu, antes da apuração, que nenhuma escola seria rebaixada devido aos acidentes que ocorreram durante os desfiles da própria Tuiuti e da Unidos da Tijuca.

Ficou decidido em 2017, porém, que duas escolas seriam rebaixadas do Grupo Especial em 2018, o que também não ocorreu. Império Serrano e Grande Rio, que ficaram nas últimas posições, permaneceram no Grupo Especial para 2019.

Com isso, houve 14 escolas nos dias principais de desfiles no Sambódromo do Rio, número que caiu para 13 com o rebaixamento de Imperatriz Leopoldinense e Império Serrano no ano passado.

 

Fonte: Com portais de notícias||
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