A represa de Furnas foi criada em 1960 com a finalidade de gerar energia para a região Sudeste.

Para formar o Lago de Furnas foram alagadas áreas, em sua maioria de terras férteis. Deixou milhares de proprietários insatisfeitos, mesmo os indenizados, e muitos morreram de desgosto.

Para diminuir as resistências, foram publicados informes na região afetada, com promessas, além da obrigatória indenização, de estímulos para o multiuso da água, no caso o turismo, náutica, piscicultura, irrigação, etc.

Os anos passaram e o local passou a ser denominado Mar de Minas, atraiu milhares de turistas, impulsionou o setor imobiliário, restaurantes, náutica, hotéis e pousadas. O Lago foi eleito, pela Revista Náutica, como um dos 12 melhores lagos doces do Brasil para o esporte de náutica e ficou conhecido nacionalmente por sua beleza e atrações turísticas.

O Governo de Minas, em 1990, elaborou o Plano Diretor do Lago de Furnas, atraiu investidores para executá-lo e para aproveitar todas as potencialidades do lago.

Foram gerados milhares de empregos no terceiro setor e a economia regional mudou.

Infelizmente, Furnas, por determinação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), com a aquiescência de diversos órgãos, entre eles a Agência Nacional de Águas (ANA), e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), passou a manter as comportas abertas, em parte, para gerar energia e também para passar água, manter o nível de água e tornar navegável o rio Tietê, em São Paulo. Essa definição não teve a participação dos principais prejudicados, no caso os 34 municípios mineiros lindeiros e outros participantes da bacia.

Dados do ONS comprovam Furnas não necessitar de mais de 19,5% da água do lago para gerar energia e, assim, a passagem de água em grande volume atende somente ao interesse de manter navegável o rio Tietê.

O resultado é o Lago de Furnas ter pouco volume de água, cerca de 34%, mesmo no atual período de chuva, e isso inviabiliza a economia do terceiro setor regional. A Represa de Três Marias, por exemplo, hoje tem volume de água de mais de 70%.

O ciclo de pobreza para os mineiros se repete, em prol da riqueza de outros Estados. Em 1960, com economia agropecuária, Minas Gerais perdeu áreas férteis inundadas para formação do lago, com vistas a fornecer energia para a região Sudeste. Nos últimos anos, o Lago de Furnas secou e deixou a economia regional empobrecida, tivemos desemprego e perda de investimentos, devido à quebra da promessa de Furnas da manutenção do multiuso da água, enquanto o rio Tietê teve a navegabilidade garantida.

O correto é gerarmos um ciclo de riqueza para todos, principalmente os mineiros, donos dos recursos naturais do Lago de Furnas (terras, água, etc.). Para pedir pouco, é necessário ter o mínimo de 50% da água do Lago, para ser viáveis as atividades do multiuso da água e o funcionamento do setor de serviços da economia.

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