A faxineira Sarah Maria de Araújo, assassina confessa da menina Amanda Filgueiras Calais, de 6 anos, foi ouvida nesta quinta-feira (16) por meio de carta precatória em Bambuí, onde ela está presa. A menina foi morta em agosto do ano passado pela vizinha, em Divinópolis.

De acordo com a defensoria pública que acompanhou o interrogatório, Sarah confessou novamente a autoria do crime e se recusou a relatar como ocorreram os fatos, justificando que falar sobre o assunto lhe traria muito sofrimento.

A defensoria disse ainda que ela afirmou estar arrependida do ocorrido, dizendo que sofre de depressão e que fazia tratamento, mas que na época dos fatos não realizava acompanhamento psicológico.

“Disse que está muito arrependida, mas não alegou nada em defesa. Não resta a defensoria pública outra alternativa, se não, pedir que o juiz em Divinópolis decrete a absolvição imprópria com a consequente internação dela em um hospital de custódia psiquiátrica”, declarou o defensor Vanderlei Campanema.

Oitiva de testemunhas

No início deste mês, testemunhas do homicídio foram ouvidas no Fórum de Divinópolis, que mesmo fechado desde a segunda quinzena do mês de março por causa da pandemia de coronavírus, realizou as oitivas.

A defensoria pública da réu solicitou no dia 17 de janeiro, que um laudo psiquiátrico alegando que Sarah tem distúrbios psicológicos fosse homologado e, nos dias seguintes, a Justiça homologou o documento.

“O laudo de distúrbio psicológico de Sarah foi homologado pelo juiz e está no processo. Nesse caso a lei processual diz que ela deve ser absolvida e internada. Ainda farei as alegações finais, logo após a Promotoria apresentar também as últimas alegações”, declarou o defensor público, Vanderlei Campanema.


Assassinato

A mãe de Amanda, Claudilene de Barros Filgueiras, estava grávida de dois meses quando Amanda foi morta pela vizinha, em agosto do ano passado, no Bairro Lagoa dos Mandarins. O crime brutal chocou pela frieza da assassina confessa.

Na época do crime, a PM disse que a família comunicou o desaparecimento da menina por volta das 17h do dia 8 de agosto. Em conjunto com moradores e o Corpo de Bombeiros, foi iniciada uma varredura pelo bairro na tentativa de localizá-la.

Por volta de meia-noite de sexta-feira, moradores da rua onde a criança vivia com a família ouviram um forte barulho no quintal e foram verificar. Quando chegaram ao local encontraram o corpo da criança caído.

Na residência vizinha de onde o corpo foi localizado, foram encontradas roupas da vítima e marcas de sangue. A Polícia Civil disse na época que a autora do crime era a vizinha da vítima e que após matar a criança, ela jogou o corpo pela janela do segundo andar do sobrado onde morava.

Sarah foi presa no mesmo dia do assassinato e levada para o Presídio Floramar, em Divinópolis. Posteriormente ela foi encaminhada para o Presídio de Bambuí.

“A investigada contou que a menina atravessou a rua para brincar com a filha dela, e juntas subiram para a casa da autora. Ainda segundo a mulher, num determinado momento as crianças brincavam e ela havia ido para o banheiro. Ainda segundo a autora contou, as meninas teriam chegado até a porta do banheiro e demonstrando que queriam urinar, como a mulher estava usando o banheiro ela orientou que as meninas utilizassem um balde que estava na área de serviço. A partir disso, Amanda teria sofrido uma queda e caído, segundo a investigada afirma”, disse o delegado Regional da Polícia Civil, Leonardo Pio, na época do crime.

O delegado afirmou ainda, que os trabalhos de investigação realizados pelas equipes da polícia comprovaram que a situação não foi um acidente. O laudo da perícia técnica atestou que Amanda não morreu pela queda do segundo andar, a causa da morte foi por asfixia.

Sarah contou, na época, que cometeu o crime por vingança, já que Claudilene teria feito uma denúncia no Conselho Tutelar contra ela. A mãe de Amanda negou o fato.

A acusada está presa há oito meses no Presídio de Bambuí. Por determinação do Tribunal de Justiça durante a quarentena todos os presos serão ouvidos por vídeo conferência. Ela confessou o crime mas a partir de agora pode mudar o depoimento. Já que a lei é clara e diz que vale é o que o réu diz na frente do juiz.

A mãe da menina Amanda foi uma das ouvidas na audiência. Segundo ela, Sarah era amiga da família. Na prisão ou em internação psiquiátrica, o que Claudilene espera é que Sarah pague pelo crime que cometeu.

“Eu quero que ela pega 30 anos de cadeia, porque o que ela fez. Ela tinha planejado tudo”, enfatizou Claudilene.

Matéria do G1

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