Por Priscila Rocha
A quantidade de áreas onde a população descarta lixo de forma irregular em Formiga chama a atenção de quem melhor observar por onde anda.
A mesma população que reclama, e com razão, do grande número de vias públicas em más condições, é em parte, responsável pelo descarte irregular do lixo. Se cada um é responsável pelo lixo que produz deveria descartá-lo em horário e local adequado.
Em Formiga é comum flagrar o descarte de lixo nas margens dos rios e lotes vagos. Esta prática facilita a proliferação de animais peçonhentos, como por exemplo, de escorpiões que tem aparecido em muitos bairros da cidade. Poucos são os cidadãos que reprimem ou denunciam os que ainda insistem em depositar lixo em qualquer lugar.
Nesta semana o Últimas Notícias flagrou e recebeu denúncias de algumas áreas onde o descarte irregular se tornou comum. Um desses locais é ao lado da Câmara Municipal, na praça Ferreira Pires.
Foto: Glaudson Rodrigues/Últimas Notícias
No Centro, a coleta de lixo úmido e reciclável é realizada de segunda a sexta-feira, no final da tarde e aos sábados, mas a calçada localizada entre a Casa Legislativa e a agência dos Correios diariamente serve de lixeira para algumas pessoas que não respeitam o cronograma de coleta.
Devido ao mau cheiro, funcionários dos Correios e da Câmara necessitam, constantemente, acionar a Secretaria de Gestão Ambiental para limpar a área. “Dias atrás descartaram um animal morto no monte de lixo e o mau cheiro foi tanto que incomodava quem estava dentro da agência”, informou um funcionário dos Correios.
“Tem dias que o volume de lixo é tão grande que impede o tráfego de pedestres pela calçada, inclusive de cadeirantes”, disse uma funcionária da Câmara.
Crime contra o meio ambiente e a saúde pública
Foto: Divulgação
Já na avenida Juca Pedro Braga, também no Centro da cidade, um leitor do jornal flagrou um caso grave. No sábado passado (19), uma grande quantidade de seringas, agulhas e ampolas de remédios foi descartada às margens do rio Formiga. O flagra foi feito ao lado de uma placa que informa que o descarte de lixo no local configura crime ambiental.
Na segunda-feira (20) o jornal foi até a avenida verificar se o lixo ainda estava no local, mas já havia sido recolhido. Pelas embalagens dos medicamentos descartados, é bem provável que a Secretaria de Saúde poderia com facilidade chegar ao responsável pelo descarte em lugar inapropriado.
Mais flagras
A falta de consciência da população se estende a vários bairros da cidade. No Novo Horizonte, por exemplo, o descarte de lixo na esquina das ruas São Paulo e Teresinha Rosalina de Souza é comum. No bairro a coleta de lixo úmido ocorre as terças e quintas-feiras e aos sábados, na parte da manhã. Já o reciclado é recolhido as segundas, quartas e sextas-feiras. Em qualquer dia e horário da semana, os moradores das proximidades descartam lixo no local.
Foto: Glaudson Rodrigues/Últimas Notícias
Essa situação também ocorre na esquina das ruas Vereador José Veloso da Silva e São Paulo. No local, é comum ver restos de móveis e lixo úmido. Mas, na segunda-feira (21), além do lixo comumente descartado havia dois pneus, um dos locais propícios para a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika vírus, chikungunya e febre amarela.
Foto: Glaudson Rodrigues/Últimas Notícias
Falta de infraestrutura e conscientização
Foto: Glaudson Rodrigues/Últimas Notícias
Moradores da rua Teresinha Rosalina convivem com um misto de falta de infraestrutura e conscientização. A rua é calçada com pé de moleque e devido às péssimas condições, o caminhão coletor não circula na via. Alguns moradores precisam deixar o lixo nas ruas mais próximas onde ocorre a coleta. Um dos pontos de coleta se localiza na rua Tenente Oscar Teixeira de Lima. Mas a falta de conscientização da população que não descarta o lixo nos horários e dias certos causa dor de cabeça para outros moradores como os residentes na Teresinha Rosalina. “Os cachorros carregam os sacos de lixo e levam para as portas de nossas casas. Eu, por exemplo, sempre sou surpreendida com sacola de lixo rasgada na minha porta e tenho que ter o trabalho de limpar lixo dos outros. Acho isso uma grande falta de respeito das pessoas, assim como um descaso tremendo da Prefeitura com a situação da nossa rua”, desabafou uma moradora que não quis se identificar.
Lixão a céu aberto
Outro flagra foi feito no bairro Santa Luzia, em um lote localizado no final da rua Alberto Soraggi. O local está se tornando um lixão. Nessa semana, uma empresa de internet de banda larga, que presta serviço na cidade, descartou uma grande quantidade de cabos de fibra ótica na área. A denúncia foi feita por um leitor do jornal. Uma equipe do NI esteve no local e o material da empresa havia sido recolhido, mas ainda havia uma grande quantidade de lixo e entulho na área.
Fotos: Glaudson Rodrigues/Últimas Notícias
A natureza agredida, uma hora nos cobra!
O descarte ilegal de lixo é crime grave. No bairro Água Vermelha, por exemplo, o descarte irregular em uma voçoroca localizada no prolongamento da rua Euclides da Cunha se tornou um grande problema para a administração municipal e principalmente para a população que depositava lixo no local.
Em abril do ano passado o lixão apesar de enterrado, entrou em combustão. O Corpo de Bombeiros foi acionado para conter as chamas, mas devido à formação geológica e o local onde ocorreu a combustão, o trabalho não surtiu efeito. O resultado é uma fumaça com forte odor de gás que tem causado problemas respiratórios nos moradores da região. A fumaça persiste até hoje.
Foto: Reprodução/Facebook
A falta de consciência ambiental da população e a conivência do próprio poder público, que por décadas fechou os olhos e não coibiu a prática, resultou em gastos para a cidade. A Prefeitura precisou contratar uma empresa especializada para realizar a análise do gás e ainda busca formas e recursos para resolver o problema.
Foto: Lorene Pedrosa/Últimas Notícias
Para a população que exige tanto de seus governantes, principalmente em Formiga, onde as más condições das vias públicas é assunto principal nas rodas de conversa e nas redes sociais, o assunto “educação e cidadania” talvez mereça mais atenção e assim, quem sabe, com o empenho de todos, sobre mais recursos para a Prefeitura atender outras áreas como infraestrutura.
